Categoria enfrenta denúncias de faltas e altos salários

Apesar da liminar para suspender a greve dos médicos em Campo Grande e flagrantes de falta nos plantões, além do pedido do MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) para instalação de pontos eletrônicos para controlar a frequência da categoria, o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul decidiu manter a paralisação na segunda-feira (26) e deixar a população sem atendimento porque ainda não foi notificado da decisão. A informação é da assessoria de imprensa do Sinmed.

A categoria, que pede reajuste acima do que os demais servidores municipais podem receber, enfrenta também denúncias sobre pagamentos de altos salários.

Médicos ignoram decisão judicial e podem deixar população sem atendimento

O sindicato, por sua vez, diz que a terá duração de 10 dias e obedecerá os limites legais de manter 70% dos médicos na urgência e emergência e 30% no atendimento ambulatorial. possui cerca de 900 médicos, ainda conforme o sindicato.

A ação declaratória de ilegalidade foi impetrada pela prefeitura de Campo Grande e o juiz José Eduardo Neder Meneghelli, da 1ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos, suspendeu a paralisação por 30 dias.

A decisão suspende a greve, sob pena de multa de R$ 10 mil ao dia ao presidente do Sinmed em caso de descumprimento, mediante bloqueio de contas bancárias e de bens que estiverem em seu nome, com busca e apreensão de automóveis.

Em sua decisão, o juiz levou em consideração o prejuízo que a população poderia ter por conta da paralisação. “Ninguém vai procurar auxílio médico por mera distração”, destacou.

Altos salários ‘escondidos'

Em abril, o Jornal Midiamax fez levantamento dos salários da categoria. A negociação salarial dos médicos, aliada ao problema crônico de atendimento nas unidades de saúde, aumenta especulações sobre a verdadeira ‘caixa-preta' dos gastos municipais com os profissionais. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o salário base da categoria é de R$ 2.516,72.

Na prática, no entanto, gratificações e plantões, sempre pagos em fórmulas complicadas e difíceis de verificar, elevam os ganhos médios mensais dos médicos que atuam na Prefeitura de Campo Grande. Em março, por exemplo, a média paga a cada um dos 927 médicos listados no Portal da Transparência ficou em pouco mais de R$ 11,5 mil.

Só na última folha salarial da Sesau, 9 médicos ganharam mais de R$ 39.200,00 e 111 receberam mais que o salário do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Em um dos casos, médico que mantém dois vínculos com a Sesau levou dos cofres públicos municipais R$ 51.085,39 em março.

Acima do teto constitucional

Esses ganhos mensais extrapolam o salário de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que deveria ser o teto salarial para todos os servidores públicos no Brasil. Além disso, a soma de rendimentos dos 10 mais bem pagos em março atinge R$ 419.983,09. Ou seja, somente estes servidores ficaram com a fortuna de quase meio milhão de reais, equivalentes a 4% do total de R$ 10.790.935,35 pagos aos médicos no período.

De quase mil médicos listados na última folha, apenas 31 receberam menos de R$ 3 mil, com remunerações entre R$ 2.986,78 e R$ 89,86. Juntos, eles receberam R$ 55.961,97, ou seja, pouco mais que o recebimento do mais bem pago em março. Além dos ganhos ​acima do teto constitucional, salários com valores ínfimos que também chamam a atenção.

Na Prefeitura, a informação oficial sobre as explicações para a folha de pagamentos aos médicos se limita a explicar que o salário base de médico na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) é de R$ 2.516,72, mas que “gratificações podem praticamente dobrar este valor, além dos plantões”.