Mães ficam com vergonha e pai não pode ficar com prematuro

Homem deixou o hospital para mulheres ficarem à vontade

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Homem deixou o hospital para mulheres ficarem à vontade

São várias as campanhas nas redes sociais para incentivar a amamentação em público, afinal, o assunto ainda é tabu até mesmo entre mães. Em Campo Grande, um pai teve de ceder o direito de dormir na maternidade com o filho pré-maturo porque algumas mulheres se negavam a amamentar na presença dele.

O caso aconteceu na segunda-feira (22), na maternidade da Santa Casa de Misericórdia da Capital, três dias após Daiana das Graças, de 28 anos, dar à luz o pequeno João, que nasceu durante a 36ª semana de gestação.

Pai do recém-nascido, o fotógrafo Giovani Neves de Souza, de 29 anos, diz que estava pronto para passar a noite com o bebê para que a esposa – que teve alta médica na tarde daquele dia – pudesse descansar em casa, no entanto, ele foi surpreendido pelas enfermeiras que pediram para que ele deixasse o local porque algumas mães estavam com vergonha de amamentar.

“Eu fiquei muito chateado. Minha esposa estava internada há dias. Recebeu alta naquela tarde e eu queria muito que ela fosse para casa, descansar, dormir em casa, mas ela não pôde. Teve de ficar mais uma noite no hospital porque as mães não me queriam lá. Não queriam amamentar os bebês na minha frente”, relata.

Neves afirma que não chegou a questionar o pedido do hospital e simplesmente deixou o local. “Eles foram muito educados, conversaram com minha esposa, ela me disse o que estava acontecendo e eu sai. Entendi que não era uma decisão deles, mas que estavam atendendo aos pedidos das mães, mas não entendo como elas podem se negar a amamentar apenas porque tem um homem no mesmo ambiente. Isso não pode acontecer”, observa.

O fotógrafo conta que foi informado pelo hospital de que haverá uma reunião para discutir o assunto nesta terça-feria (23). “Eles ficaram de tratar isso em reunião. Espero que hoje eu possa dormir com meu filho. Minha licença paternidade está acabando e quero passar mais tempo com ele”, declara.

Mãe de dois filhos – uma menina de dois anos e um menino de oito meses – Renata Fernandes, de 32 anos, diz que passou por situação semelhante ao caso do fotógrafo, em outra maternidade da Capital.

“Quando tive meus filhos, meu marido ficou comigo, mas às vezes tinha de sair da sala porque algumas mães não se sentiam à vontade para amamentar. Eu não tenho empecilhos, mas isso ainda é um dilema. É um tabu que precisamos quebrar porque a maternidade é algo tão natural”, frisa.

Sobre a situação ocorrida na Santa Casa, a assessoria de comunicação confirma o fato. Segundo o hospital, o pai tem direito de acompanhar o filho o tempo todo, no entanto, por orientação “a prioridade é garantir o sossego e privacidade da amamentação” visando o bem-estar dos bebês.

Amamentação – Mães ficam com vergonha e pai não pode ficar com prematuro

Conforme o Ministério da Saúde, o leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas.

Colocando o tabu de lado e lutando pelo direito de amamentar, mães se reúnem em uma campanha para incentivar amamentação em público. O evento conhecido como “Mamaço” acontece todos os anos no Parque das Nações Indígenas, desde 2012, quando uma mãe foi censurada por amamentar o filho em um evento cultural em São Paulo. 

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