JBS tem R$ 730 milhões bloqueados e trabalhadores temem demissão
Com receio de uma demissão em massa, cerca de 500 funcionários das plantas frigoríficas da JBS, em Mato Grosso do Sul, protestam na Assembleia Legislativa, na Capital, na manhã desta terça-feira (17). Os trabalhadores pedem os desbloqueios das contas da empresa, executado na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) formada pelos deputados; o valor ultrapassa os R$ 730 milhões.
A pressão dos trabalhadores é resultado de boatos que correm nos frigoríficos. A empresa estaria prestes a demitir funcionários em razão do bloqueio de bens. Uma suposta diminuição nos abates de bovinos aumentou a tensão entre os trabalhadores.
Sergio Bolzan, presidente do Sindaves (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne e Alimentação de Sidrolândia), explicou que a mobilização pede do governo, junto a CPI, que encontre uma solução para que a empresa pague pelo prejuízo pelo recebimento de incentivos fiscais e seu cumprimento, mas que ocorra por meio de parcelamento e desbloqueio.
Segundo ele, em torno de dois mil trabalhadores estão mobilizados, e o principal receio é de que a medida não gere apenas demissão como também unidades. A empresa é uma das maiores do setor, e só no Estado opera em Campo Grande, Dourados, Naviraí, Anastácio, Ponta Porã, Cassilândia e Nova Andradina.
Para Célio Elias, presidente da Federação dos Trabalhadores em Alimentação do Estado do Mato Grosso do Sul, o bloqueio do caixa é uma “burrice, um equívoco”, disse, citando o desemprego como um dos problemas da decisão. “O movimento não está preocupado com a punição de corruptos, mas sim com o dinheiro do caixa, para que o trabalhador não pague a conta”, criticou.
Os deputados Joao Grandão (PT) E Pedro Kemp (PT), estariam tentando unilateralmente mudar a decisão da CPI, e se reuniram nessa segunda-feira (16) na Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). O deputado Paulo Correa (PR) pontuou que o parecer é colegiado e não há indicativo de que possa se voltar atrás sobre isso.
“Se bloqueasse os bens da empresa e dos sócios, então o capital de giro ficaria livre, porque desse jeito estão correndo se o risco de não continuar a operação”. “A ideia é pressionar os deputados”, afirmou Vilson Gimenes Gregorio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Campo Grande.
Investigação
São alvos da CPI o governador de Mato Grosso do Sul, o Estado, os irmãos Batista e a J&F. O pedido de bloqueio é para garantir integral ressarcimento aos cofres públicos devido ao possível prejuízo causado por suposto esquema entre o governo e o grupo JBS. O conteúdo tem como base a delação premiada de Joesley, feita no final de maio deste ano.
Apesar de, supostamente, ter iniciado no governo de Zeca do PT (1999-2006), o plano teria privilegiado Reinaldo, que participou das irregularidades ao conceder diversos benefícios fiscais à JBS, alguns já sob investigada na própria Assembleia Legislativa, por meio da CPI da Propina.
Entre doação eleitoral, pagamento de notas fiscais frias e a suposta entrega de dinheiro em espécie, o governador teria recebido pouco mais de R$ 38 milhões em propina das empresas dos irmãos Batista. “Os incentivos foram concedidos mediante o pagamento de propina, o que gerou um aumento artificial do poderio econômico do JBS, prejudicando os pecuaristas, os concorrentes, e a própria coletividade”, diz trecho da ação.