Ônibus sucateados e terminais abandonados afastam passageiros

A chegada da Uber em Campo Grande – em setembro do ano passado -,  parece ter ampliado a competitividade não só com os taxistas, mas também com o transporte público coletivo. A concorrência do aplicativo já teria começado a provocar migração de usuários, e a  justificativa da troca é quase sempre a mesma: Passagem cara e falta de qualidade.  

A discussão já incluiu outros estados, como o Rio Grande do Sul, que viu o Uber crescer em cima dos coletivos. Em São Paulo, o Uber criou o preço promocional de R$ 6 para corridas de média distância – valor similar ao da integração entre ônibus, metrô e trens– acendeu um alerta em empresários do transporte coletivo. Apesar do cenário semelhante, a assessoria do Consórcio Guaicurus informou que não foi registrada queda na quantidade de passageiros e afirmou que o perfil do passeiro do transporte público é outro, portanto, não há competição.

Os preços praticados pela companhia norte-americana são bem menores que o do táxi e o custo da chamada é menor que uma tarifa, que atualmente é de R$ 3,55. A solicitação custa R$ 2,50, e o quilômetro rodado foi fixado em R$ 1,10, além de um adicional de R$ 0,15 por minuto. Enquanto nos táxis a bandeirada atualmente é de R$ 4,50, e R$ 8,75 no aeroporto da Capital.

Mas a exemplo do que ocorreu no mercado dos mototáxis em 1997 -, a entrada do serviço que promete corridas mais baratas criou fãs, e assim como o interesse com o preço baixo, passageiros afirmam que o atrativo é ficar longe do sufoco do transporte público, que começam já nos terminais e pontos, como relatou a publicitária Anelize de Almeida, de 25 anos.

A jovem excluiu um dos trajetos de circular e passou a utilizar o Uber, e explicou a mudança. “Você já viu as condições do ônibus? Não tem ar, não há bancos almofadados e ainda é superlotado. Depois de um dia de trabalho a gente só quer sossego, então eu prefiro gastar um pouco mais para isso e voltar pra casa de Uber”.

Teve quem também viu no aplicativo uma alternativa para percorrer a cidade a um preço “justo” a justificativa para deixar o carro em casa, como a funcionária pública Elizabete Dias, que diz ter economizado R$ 170 com a carona. “Consegui economizar pelo menos um tanque de combustível em um mês”, revelou. Mas segundo ela, o mais relevante é a conforto, que não é proporcionado pelos circulares. “A gente não precisa caçar estacionamento na rua, sem contar que o atendimento é melho”, avaliou.

Transporte sucateado

O Jornal Midiamax já expôs uma série de problemas do transporte público do ano passado, e há anos estão sem revolver. Desde 2012, por exemplo, a Capital não recebe novos veículos, e a prova da  ausência de investimentos é o desgaste da frota com os ônibus que “sempre estragam”. O carro mais novo na São Francisco, uma das empresas que integra o consórcio, foi um modelo ‘Bus Rapid Transit’, (BRT), comprado em 2012 por aproximadamente R$ 900 mil. Os veículos convencionais custam, em média, R$ 300 mil.

A promessa do prefeito Marquinhos Trad é de que até este mês 80 novos ônibus ao custo de R$ 20,1 milhões, por meio do programa pró transporte, comecem a circular na cidade, sendo dez destes com climatizadores. A compra destes veículos foram anunciados em dezembro do ano passado. Os carros deveriam substituir aqueles que estão prestes a completar dez anos de uso, e a promessa desta vez,é de que os veículos sejam zero quilômetros, e não apenas reformados.