Trabalhadoras temem represálias da terceirizada

O trabalho não é fácil e a limpeza é pesada. Quase invisíveis à maioria das pessoas, as funcionárias que fazem o trabalho de limpeza da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (14). Assim, elas dizem que são vistas. “Quando deixa de limpar aí reclamam que está tudo sujo”, comenta uma delas.

O Jornal Midiamax noticia a dificuldade dos funcionários da empresa terceirizada Douraser, em receber os salários e direitos trabalhistas, há mais de dois anos. Neste mês. não foi diferente. Com as contas atrasadas e correndo risco de ficar sem luz e sem água em casa, as trabalhadoras ainda não tiveram o salário, que deveria ter sido pago até o dia 7, depositado na conta. “Todo mês é essa p….”, desabafa revoltada uma das trabalhadoras. 

De acordo com o vice-presidente do STEAC/MS (Sindicato dos Trabalhadores  em Empresas de Asseio e Conservação), Ton Jean Ramalho Ferreira, há aproximadamente 100 trabalhadores com contrato vigente com a empresa. A maioria parou as atividades nesta manhã e ficou na frente da reitoria, como uma paralisação de advertência. Conforme o Ferreira o sindicato se reuniu com o pró-reitor de administração, Marcelo Gomes Soares, e foi informado que o repasse da UFMS à Douraser já foi feito, porém a empresa ainda não pagou os salários. 

Ainda segundo o vice-presidente, a paralisação foi deliberada em assembleia e caso os trabalhadores não recebam, podem entrar em greve. Além de não receber os salário do mês de maio, os funcionários não receberam vale-alimentação, estão com férias atrasadas, os direitos trabalhistas não estão em dia e há falta de materiais de limpeza e EPI (Equipamento de Proteção Individual). No interior do Estado, onde a empresa também tem contrato, a situação é a mesma. 

Segundo as trabalhadoras a empresa só enviou recentemente, uma “água”. O produto deveria ser uma espécie de desinfetante, mas já chega diluído. Até sacos de lixo estiveram em falta e os uniformes estão em estado deplorável. “Já ficamos uma semana sem limpar setor, porque não tinha material. Ficamos economizando e fazendo milagre. Se reclamamos para a supervisora, somos ameaçadas de troca de setor. Sofremos retaliações”, diz. 

“Se não recebermos, vai cortar a minha água e a luz”, diz uma das funcionárias. “A minha salvação foi a minha filha. O marido dela fez uma compra no cartão. Eu não teria o que comer”, diz a outra. As trabalhadores preferem não se identificar, com medo de coação ou de levar uma advertência. O grande temor dos trabalhadores é que o contrato com a empresa se encerre em setembro e eles sejam mandados embora sem receber os direitos trabalhistas e sem o salário do mês.