Implicados na trama foram detidos antes das Olimpíadas

O MPF (Ministério Público Federal) ofertou nesta sexta-feira (16) denúncia contra as oito das dez pessoas que foram detidas semanas antes das Olimpíadas, no Rio de Janeiro, por suposta participação num grupo implicado em atos de recrutamento e promoção da organização terrorista.

Leonid El Kadre de Melo, campo-grandense, é um da lista dos investigados. Ele, que está preso no presídio federal da cidade, é o denunciado mais encrencado. Ele seria o principal do grupo e integraria uma célula terrorista no país, ligada ao Estado Islâmico, que age no Oriente Médio e impõe medo em diversas parte do mundo, como Estados Unidos da América e França.

A ideia dos detidos, segundo o MPF, era o de promover ataques com o uso de armamento químico, durante os jogos.

De acordo com o procurador da República, em Curitiba (PR), que conduz a investigação, diz que Kadre foi denunciado por agir em crimes ligados à organização terrorista, associação criminosa, incentivo de crianças e adolescente à pratica de atos criminosos e ainda por recrutamento para organização terrorista.

Os envolvidos na trama foram detidos durante a operação Hashtag. Kadre foi o último a ser preso, em Comodoro, interior de Mato Grosso. Ele, que já havia cumprido pena por homicídio, era mecânico de veículos agrícolas, em Campos de Júlio, também cidade mato-grossense.

DETIDOS

Além de Kadre, foram capturados como supostos terroristas Alisson Luan de Oliveira, Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, Israel Pedra Mesquita, Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, Hortêncio Yoshitake, Luís Gustavo de Oliveira e Fernando Pinheiro Cabral.

De acordo com a assessoria de imprensa do MPF, em Curitiba, o órgão também pediu a prisão preventiva dos oito denunciados e requereu a aplicação de medidas alternativas aos outros seis investigados pela Operação Hashtag até o fim das investigações policiais. 

Um deles ainda teve o pedido de prisão temporária prorrogado. Doze dos envolvidos na investigação foram detidos no mês de julho, exatamente duas semanas antes da abertura das Olimpíadas, e encaminhados para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, tendo em vista o risco de sua atuação durante os jogos. Outros três foram presos em fases seguintes da mesma investigação.

O MPF informa ainda que o grupo vinha sendo monitorado há algum tempo – principalmente após as autoridades brasileiras receberem um relatório do FBI americano sobre os envolvidos – e seus integrantes foram presos em nove estados (Paraná, Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul).

Por meio de quebras de sigilo telefônico, as autoridades rastrearam redes sociais, sites acessados e as mensagens trocadas entre o grupo pelo aplicativo Telegram, e verificaram intensa comunicação entre os integrantes, conclamando interessados a se organizar para prestar apoio ao Estado Islâmico, inclusive com treinamento já em território brasileiro.

BATISMO

Segundo o procurador da República Rafael Brum Miron, o oferecimento da denúncia juntamente com a postulação de prisão preventiva dos denunciados demonstra o risco que eles ofereciam e ainda oferecem à sociedade, solidificando as preocupações iniciais das autoridades policiais.

De acordo com as investigações, segue a assessoria do MPF, alguns dos envolvidos chegaram a noticiar a realização do “batismo´´ ao Estado Islâmico, conhecido como “bayat´´ – juramento de fidelidade exigido pela organização terrorista para o acolhimento de novos membros. 

Também foram identificadas mensagens de celular relacionadas à possibilidade de se aproveitar o momento dos Jogos Olímpicos para a realização de ato terrorista (inclusive com diálogos sobre como confeccionar bombas caseiras). Estes atos, aliados a uma série de provas levantadas durante a investigação demonstraram a necessidade da decretação das prisões e, posteriormente, de suas prorrogações.

A assessoria do MPF informa também que o procurador Rafael Brum Miron, promove uma coletiva de imprensa às 15h desta sexta-feira na sede da Procuradoria da República do Paraná, em Curitiba.