Lixão é fechado sob protestos e catadores avisam que não vão desistir do local
Catadores afirmam que cerca de 730 pessoas dependem direta ou indiretamente do Lixão
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Catadores afirmam que cerca de 730 pessoas dependem direta ou indiretamente do Lixão
O acesso dos catadores de recicláveis para a ‘área de transição’, localizada entre os aterros sanitários Dom Antônio Barbosa I e Dom Antônio Barbosa II, foi bloqueado nesta segunda-feira (29), conforme determinou decisão do juiz em substituição legal na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira.
Com isso, cerca de 430 catadores vão ficar sem trabalho. O fechamento ocorreu sob protesto dos catadores que não concordam com a decisão. Eles afirmam que cerca de 730 pessoas dependem direta ou indiretamente do Lixão como fonte de renda e a partir de agora, não poderão mais frequentar o local e serão obrigados a utilizar apenas a UTR (Usina de Triagem de Resíduos), organizados em cooperativas. Em caso de descumprimento da decisão do juiz, o texto estipula multa de R$ 10 mil diários aos catadores.
Inconformados com a situação, eles protestaram e avisaram que não vão desistir de lutar pelo o que consideram justo. Cerca de 200 catadores, conforme eles mesmos, estiveram no Lixão desde às 6 da manhã desta segunda-feira reclamando. Já a Polícia Militar afirma que o protesto contou com cerca de 100 manifestantes.
“Não concordamos com o fechamento. Dependo exclusivamente do trabalho no Lixão. Me sinto muito frustrado com tudo isso. Tiraram o meu sustento e o pão da boca de muitas crianças. Vamos lutar por nossos direitos. Isso é muito injusto”, afirma Juscelino Martins, catador, de 50 anos, que trabalha no local há 7.
Rosimeire Barbosa Costa, de 33 anos, atuando no Lixão desde os 18 anos, conta que é dali que sai sua fonte de renda. “Sou mãe de dois filhos, de 12 e 10 anos, é daqui que sai nosso ganha-pão. Não sei o que fazer agora. Vou ter de catar lixo na rua. A situação vai ficar muito difícil”, reclama.
Apesar de todos serem unânimes de não desistir de lutar, o protesto durou apenas duas horas. A Polícia Militar e a Guarda Municipal interviram e os manifestantes acharam melhor aguardar. Além disso, a diretora-presidente da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), Ritva Cecília de Queiroz, esteve no local e garantiu aos catadores que o prefeito Alcides Bernal (PP) irá intervir a favor dos catadores.
“Decidimos sair porque não queremos baderna. Não temos medo da polícia, até porque não somos bandidos, mas achamos melhor sair. Além disso, a Ritva esteve aqui mais cedo e informou que o Bernal tentaria conversar com o juiz para resolver a situação e permitir o nosso acesso ao lixão”, informa Júnior Brayam, de 24 anos, um dos representantes dos catadores.
Sem confusão
Conforme o segundo-tenente da Polícia Militar, Luiz Paulo Delazari, os policiais chegaram ao local às 7 horas da manhã para oferecer segurança à Solurb. “A ordem é deixar caminhões e pessoal do administrativo entrar. Estamos aqui para evitar qualquer tipo de invasão”, diz.
Entretanto, ele pontua que a manifestação foi pacífica, e que não houve confronto com os manifestantes. Ao todo a PM disponibilizou 10 homens para o serviço.
Já a Guarda Municipal encaminhou 40 homens. O comandante da guarda municipal da região do Anhanduízinho, Derci Tomás de Araújo, diz que por volta das 4 da manhã eles chegaram ao local com o efetivo toral e depois foram se revezando. No momento são 21 guardas fazendo a segurança. “Estamos aqui para manter a ordem. O acesso dos catadores não está permitido, por conta de ordem judicial. Estamos para garantir a segurança tanto da Solurb como dos catadores. Devemos ficar até fim do expediente e depois vamos manter viatura com 4 guardas”, finaliza.
As fotos são da repórter fotográfica Marithê Lopes.
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