Família pede esclarecimentos e registra caso na polícia

O casal Dielson Vilela Taveira, 20 anos, e Marciele Barbosa Freira, 17 anos, esperava ansiosamente pelo primeiro filho: Nicolas.

Moradores de , a 47 quilômetros de Campo Grande, eles viram o sonho de formar uma família se tornar pesadelo em poucas horas. O bebê Nicolas morreu na barriga da mãe, que teve o útero retirado e não vai poder gerar outro filho.

“Estava todo mundo esperando ele nascer. A minha cunhada perdeu gêmeos depois de tomar vacina para H1N1, então as duas famílias estavam ansiosas”, conta o jovem.

Na manhã desta sexta-feira (21), Deison foi até à Polícia Civil registrar um boletim de ocorrência para solicitar exame necroscópico com objetivo de determinar a causa da morte do bebê, já que na certidão de óbito consta a causa da morte indeterminada. 

Deison conta que a mulher realizou cinco ultrassons durante a gestação e nunca foi detectado nenhuma anormalidade. Na madrugada da segunda-feira (17), a adolescente começou a sentir dores e foi com o marido ao posto de saúde de Jaraguari. Eles esperaram 1h10 por atendimento e a jovem foi medicada com Buscopan e Dipirona. 

“O médico fez o exame de toque, eu perguntei se não ia escutar o coraçãozinho e ele disse que não precisava. Perguntei mais de uma vez e ele disse que não precisava”. Jovem vê sonho de ser mãe terminar com bebê morto e útero retirado

Como a adolescente não melhorou, o casal voltou à unidade de saúde. “A médica fez o toque e tentou ouvir coração, mas não deu para ouvir nada. Viemos para a Maternidade Cândido Mariano, mas o bebê já estava em óbito”, conta o Deilson. 

Para piorar a situação, o pai diz que foi informado pelo médico que havia a possibilidade da adolescente perder o útero.

“Chegou no outro dia [terça-feira], e ele me disse que não tinha dilação suficiente e que teria que retirar o útero, pois ela não resistiria. Acho que passou da hora de nascer [o bebê já havia passado dos 9 meses]. Se tivessem mandado para Campo Grande logo, poderia ter ficado tudo bem”, diz. 

O registro do boletim de ocorrência foi acompanhado pelo presidente da Avem (Associação das Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdemar Morais de Souza. Ele explica que será solicitado um exame necroscópico e os prontuários médicos da Maternidade Cândido Mariano e do posto de saúde em Jaraguari. 

“A família quer saber qual a causa da morte e se houve violência obstétrica. O caso também será encaminhado para o CRM (Conselho Regional de Medicina) e veremos quais serão as providências além da investigação policial”, explica. A adolescente permanece internada na maternidade.