Funcionários da limpeza estão sem salários desde o dia 7 de junho

Com a paralisação dos serviços de limpeza e conservação desde o dia 14 de junho, a (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) informa que está adotando medidas administrativas para que os serviços sejam retomados. Em nota, a instituição ainda anunciou que está acompanhando as negociações e que já notificou a empresa terceirizada Douraser, responsável pelo serviço, sob pena de rescisão do contrato.

Os funcionários da empresa decretaram greve geral por tempo indeterminado na tarde dessa quarta-feira (22), por atrasos de salários e descumprimento de direitos trabalhistas. A decisão foi tomada após a categoria não fechar acordo com a Douraser. De acordo com o sindicato, o proprietário da empresa, Messias José da Silva, teria proposto que o salário atrasado fosse parcelado em duas vezes, o que foi logo rejeitado pelos trabalhadores.

O vice-presidente do Steac (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação), Ton Jean Ramalho, esteve reunido com a Pró-Reitoria de Administração na manhã dessa quinta-feira (23), onde foram apresentadas propostas da universidade. Na ocasião, segundo ele, foi sugerido que a categoria fizesse uma assembleia nesta sexta-feira (24) e retomasse os serviços de imediato.

“Pediram que voltássemos ao trabalho com a garantia que a UFMS bloqueasse as contas da empresa para garantir o pagamento. Porém, nós recusamos: a nossa decisão é manter a greve até o recebimento dos salários”, diz.

O sindicato ingressou um pedido de liminar, na Justiça do Trabalho para garantir o pagamento dos agentes de limpeza. A empresa está com 30% dos créditos bloqueados junto a UFMS, avaliados em R$ 160 mil. “Para o pagamento de todos os trabalhadores, são necessários R$ 130 mil, ou seja, esse valor bloqueado é o suficiente para todos os salários”.

De acordo com o sindicalista, a expectativa é que a situação seja resolvida pela Justiça até a próxima segunda-feira (27). Na mesma data, os trabalhadores farão nova assembleia para decidir os próximos passos da paralisação. A equipe de reportagem do Jornal Midiamax tentou falar com responsáveis pela empresa, no entanto, as ligações não foram atendidas. 

Dificuldades

O Jornal Midiamax está acompanhando a situação dos agentes de limpeza da UFMS diariamente desde o dia 14 de junho, quando foi deliberada a paralisação. Além de não receber os salário do mês de maio, que deveria ter sido pago no dia 5º dia útil, os funcionários não receberam vale-alimentação, estão com férias atrasadas, os direitos trabalhistas não estão em dia e há falta de materiais de limpeza e EPI (Equipamento de Proteção Individual).

Enquanto a situação não é resolvida, os trabalhadores relatam dificuldades para pagar as contas e se manter. “Eu já fui despejada de casa porque não tinha como pagar o aluguel. Estou sem luz, água e sem alimentos dentro de casa. Tá difícil, porque temos nossos compromissos, né?”, diz a funcionária Ana Paula Pereira Bento, de 26 anos, sobre o atraso dos salários. Ela conta que atualmente está morando com a irmã até poder pagar as contas.

A situação das famílias comoveu alguns estudantes, que estão arrecadando alimentos para doar aos trabalhadores. Interessados em colaborar com a arrecadação promovida pelos acadêmicos, devem levar alimentos não perecíveis na sede do Caciso, na Unidade VI da UFMS. As doações podem ser feitas das 7 às 23 horas.

Outros estudantes também se organizaram para recolher o lixo acumulado e manter os ambientes limpos na ESAN (Escola de Administração e Negócios), unidade da universidade que comporta os cursos de Ciências Contábeis, Administração e Turismo. No entanto, a atitude tem gerado críticas do movimento grevista, que diz que a ação pode prejudicar o impacto da paralisação. 

(Supervisão Aline Machado).