Segundo eles até o momento a direção não deu explicações 

Imagine ser obrigado pelas circunstâncias a deixar seu filho pequeno com estranhos. Imagine ainda que esses estranhos estejam implicados em denúncias de maus-tratos contra crianças. Este é o drama que mães e pais dos pequenos atendidos no Ceinf (Centro de Educação Infantil) Maria Cristina Ocáriz de Barros, no Jardim Tijuca II, enfrentam.

Sem qualquer tipo de informação oficial, eles ficaram sabendo por denúncia no Jornal Midiamax que uma funcionária da unidade foi flagrada empurrando com violência as perninhas de crianças enquanto dormiam. A colega que fez o vídeo ainda foi demitida e diz que teria sofrido represália por expor o problema, mas a Prefeitura negou.

Enquanto isso, mães deixam os pequenos no local de coração apertado e cobram medidas enérgicas da Semed e Prefeitura. Os Ceinfs, um dos serviços públicos mais importantes para a população de baixa renda, ainda são tratados como ‘feudos políticos' e falta profissionalismo na gestão, acusam servidores de carreira.

“É muita nomeação com interesse político. Falta critério técnico e escândalos como o da Oep e provam isso. Faz tempo que esses vagabundos estão brincando com nossas crianças enquanto pensam em voto e propina nos contratos e nada mudou”, denuncia a especialista em educação infantil concursada na Semed e frustrada com o que chama de politicagem.

“Se a mulher empurrou uma criança, porque não foi denunciada na polícia? Cadê a apuração? Escondem porque não querem demitir apadrinhados ou acham que vão perder voto. É muito triste a situação para quem trabalha com educação infantil e ama o que faz”, reclama a servidora.

Os pais estranham a postura do poder público e acusam diretores e a Secretaria de sempre tentar abafar os problemas ao invés de resolver com transparência e com o rigor necessário a quem lida com a segurança de bebês e crianças na primeira infância.

Segundo o técnico em segurança do trabalho Rodrigo Ferro Diniz, de 38 anos, pai de uma menina de 5 anos, a criança está no Ceinf Maria Cristina desde os oito meses de idade e nunca teve problemas. “Mas a gente acaba preocupado com essa denúncia e principalmente pela falta de comunicação entre a direção e os pais”, explica.

“Eles nunca passam nada do que acontece para a gente. Fiquei sabendo pelo jornal que tinha uma funcionária que maltratava as crianças e até agora nada da coordenação chamar os pais para conversar”, relata.

Para ficar por dentro do dia-a-dia da filha dentro da instituição e ver se “pega alguma coisa no ar”, o pai conta que quando pode, vai buscar a filha um pouco cedo. “Às vezes busco ela de surpresa um pouco mais cedo e sem avisar. Faço isso pra ver se percebo algo no ar”, revela.

Segundo Mariana Aparecida Pereira, mãe de duas meninas, ela adiou a ideia de matricular as filhas no Ceinf para voltar a trabalhar depois que soube do caso.

“É um absurdo. Falta de profissionalismo. Não se faz nada assim com uma criança. Quem trabalha com criança deve ser preparado, tem de sabe lidar com elas. Se isso acontecesse com minha filha, nem sei o que faria. Nunca deixaria minha filha ficar aí depois do que soube”, afirma.

Além da preocupação para os pais que dependem do Ceinf, o clima de assunto proibido prejudica a imagem de todos os funcionários. “Quem trabalha com carinho acaba prejudicado. Se agissem com firmeza e clareza, evitariam generalizações que são injustas, porque a maioria dos Ceinfs atende muito bem”, diz uma colega da funcionária denunciada.

Os pais confirmam. Raquel Iolanda, de 23 anos, mãe de uma menina de sete anos, conta que a filha estudou no Ceinf por seis meses e gostava do tratamento recebido. “Nunca tive nenhuma reclamação. Minha filha gostava muito de lá. Tenho sobrinhos que também ficaram lá e que gostavam da escolinha”, ressalta.

Assim como Raquel, uma auxiliar de serviços gerais, que preferiu não se identificar, disse que sua filha, uma menina de quatro anos, estuda no Ceinf desde os seis meses. De acordo com ela, o tratamento na unidade nunca foi motivo de desconfiança, porém, depois de saber da denúncia, ela lembra que toda prevenção é válida.

“Não tenho do que reclamar. Minha filha fica lá desde bebezinha e sempre gostei, mas claro que, depois dessa notícia, fiquei preocupada. Vou me informar melhor sobre o que aconteceu porque esse tipo e cosia preocupa a gente”, frisa.

Nesta segunda-feira (25), denúncia do Jornal Midiamax expos o caso da ex-recreadora Iara Freitas da Silva, de 35 anos, que afirma ter sido demitida do Ceinf (Centro de Educação Infantil) Maria Cristina Ocáriz de Barros, depois de denunciar uma colega de trabalho por maus-tratos.

Um VÍDEO gravado por ela mostra a suposta agressora ‘jogando' as pernas de duas das crianças enquanto as meninas dormiam.

Conforme os relatos, a denúncia foi feita na Semed (Secretaria Municipal de Educação) em maio deste ano e a suposta agressora, identificada apenas como Jucelma, foi demitida. Iara afirma que depois disso passou a ser perseguida pela diretora do local e algumas colegas de trabalho.

Em Nota divulgada nesta terça-feira (26), o Senalba-MS (Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional do Estado), que representa a ex-funcionária, classificou o caso como “inadmissível” e disse que a diretoria jurídica da instituição está à disposição de Iara para dar início a uma representação judicial contra a secretaria de educação de .