Desocupação ocorreu no Portal Caiobá

No início da tarde desta sexta-feira (12), pelo menos 100 famílias foram retiradas de uma área pública localizada no Portal Caiobá, região oeste de . A desocupação foi realizada por funcionários da (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) com apoio da GCM (Guarda Civil Municipal), que fez a segurança do trabalho.

A área que foi ocupada fica nos fundos de um Ceinf (Centro de Educação Infantil) e de posto de saúde da região. As famílias contaram para a equipe do Jornal Midiamax, que chegaram nesta madrugada, roçaram o mato do local e montaram os barracos.

“Esta área não estava limpa assim não, foi a gente que cortou e limpou”, conta um popular que preferiu não se identificar. “Estes dias teve um assalto dentro do posto e os ‘malandros' vieram para este mato, que ninguém cuida, mas agora que resolvemos morar aqui, lembraram que ele existe”, completa.

As famílias relataram que tem cadastro na Agência entre três e 14 anos. “Não aguentamos pagar aluguel com salários mínimos ou com trabalho de reciclagem, que é o que a maioria faz”, conta outro invasor.

Um deles falou que paga R$ 400 de aluguel, fora a conta de água e luz. “Este valor é o que pagamos na casa alugada aqui na Vila Fernanda. A gente tem que alugar casa da Emha, mas a Emha não pode dar casa pra gente, mas pode dar casa pra quem tem condições, pois se não está morando nela, mas sim alugando e porque tem condições”, denuncia.

Pelo menos dez famílias informaram que estão nas mesmas condições, morando de aluguel nas casas populares que foram recém entregues e que ficam ao lado do terreno invadido. Além deles, outros relatam que foram para o terreno por estarem desempregados, alguns deles contaram que vieram do interior de Mato Grosso do Sul e até de fora do Estado.

“Estou desempregado há dois meses e sem condições de pagar um aluguel de R$ 500. Já fiz cadastro para ter uma casa popular e nada de me chamarem. Tenho esposa e dois filhos de dois e oito anos. Além disso, não tem vaga na escola para os meus filhos”, revela e diz, “os trabalhos de bicos que fazemos é para a gente comer e com isso, as contas vão acumulando”.

As famílias contaram que a madeira e a lona usada para fazer os barracos foram conseguidas por doação e no lixão. “Aqui ninguém tem dinheiro para isso não, aquele que acha um pouco mais, compartilha com o outro. Mas depois que o pessoal da Emha passou por aqui, levou tudo isso. Estamos agora no relento”, frisa.

Eles revelaram que vão continuar na área, inclusive com os filhos. “Eles se quer ouviram se a gente tinha cadastro ou não, não quiseram falar com a gente e nem mostraram nenhuma ordem judicial para o despejo. Inclusive destruíram uma casa de alvenaria, a dona dali foi parar no hospital quando ficou sabendo”, dizem.

“Eles disseram que iriam identificar cada um nós para que não consigamos nenhuma casa pela Emha. Ainda nos ameaçaram dizendo que voltariam aqui de manhã para nos prender. Inclusive, tinha um homem aqui cheio de pose e dando ordens ‘pra' todo mundo, se dizendo delegado, mas não quis falar com a gente também”, relatam.

Retorno

A equipe do Midiamax entrou em contato com a assessoria da GCM, que informou que foi chamada pelo município para fazer um trabalho preventivo no local. Tentamos entrar em contato com a Emha, porém não conseguimos obter informações sobre a desocupação.

Entretanto, por meio de redes sociais, o presidente da Emha Enéas Netto, se pronunciou dizendo que, “acabamos de retirar uma invasão de mais de 100 pessoas no Portal Caiobá e Vila Fernanda. Notoriamente ocupação a mando de alguém com objetivo de desestruturar a administração! Não era atribuição minha, mas fizemos a desocupação e não vai se por falta de trabalho e determinação que vamos deixar a nossa cidade à mercê dessa desordem! Aqui não!!! E digam para quem for que isso não vai desfrutar da nossa administração… Porque eu vou para a linha de fronte e vamos fazer acontecer!!! Sempre com respeito e zelo aos munícipes nas mantendo a ordem é trabalhando!”