‘Vai morrer mesmo’, teria dito servidora ao homem

Um indígena da Aldeia Taunay, de Aquidauana – MS, procurou o Jornal Midiamax para denunciar o que classifica como ‘tortura psicológica’ por parte da secretária de Saúde Indígena (Sesai), na qual, Rubson Ferreira de Oliveira, de 49 anos, que faz hemodiálise há pouco mais de um ano e meio, foi coagido a desistir do tratamento para dar lugar a outra indígena.

Segundo Rubson, quatro funcionários da Sesai, entre eles Maria de Jesus, chefe da Casa de Saúde Indígena (Casai) se reuniram com o indígena para pedir que ele desistisse do tratamento, alegando que não haveria veículos suficientes para o transporte de todos os pacientes.

Maria de Jesus confirmou que estava presente na conversa, mas nega que Rubson tenha sido coagido a desistir do tratamento. A funcionária não quis dar detalhes da reunião e disse que não poderia responder pela Sesai.

Ainda conforme Rubson, as sessões são feitas três vezes por semana no Centro Médico Pró-Renal, e como o tratamento consiste na remoção do líquido e substâncias tóxicas do sangue como se fosse um rim artificial, após o procedimento os pacientes ficam exaustos e sem condições de se locomover sozinhos.  “A gente precisa do transporte, porque não temos condições de pagar por isso. Ainda mais eu que sou aposentado e estou doente”, destaca o indígena.

O chefe da divisão de atenção à saúde indígena, Wanderley Guenka, rebateu as acusações, afirmando que a Sesai não responde por procedimentos de hemodiálise, apenas presta serviço de atenção à saúde básica. “Nós não temos gestão sobre a hemodiálise, isso já envolve o SUS”.

Sobre o transporte dos pacientes indígenas, Wanderley afirmou que a secretária também não tem obrigação de prestar esse serviço, ainda mais para o indígena que vive na cidade. “A gente faz isso como uma forma de ajudar os índios, mas não temos a obrigação legal de fazer esse serviço”, reforça.

O Ministério Público Federal recebeu a denúncia na tarde desta quarta-feira (15), acompanhada de uma gravação, entregue pelo próprio indígena, sobre a conversa citada acima. Segundo o funcionário que fez o registro, o depoimento de Rubson deve ser encaminhado para o procurador-geral dos Direitos do Cidadão, Emerson Kalif Siqueira, para que a denúncia seja apurada.