Nesta semana, mais de 500 trabalhadores foram demitidos

Conforme a Assocarnes (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne de Mato Grosso do Sul), nos últimos 10 meses, 14 dos 38 frigoríficos do Estado fecharam as portas. Dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Mato Grosso do Sul revelam que o encerramento das atividades resultou na demissão de mais de 7,5 mil trabalhadores do setor.

O Marfrig, localizado em Paranaíba, distante 407 quilômetros de Campo Grande anunciou que encerrará as atividades no próximo sábado (18). Com a decisão, 530 funcionários ficarão desempregados.

Por meio de nota divulgada pela assessoria de comunicação da empresa, o frigorífico justifica não ter suportado a crise no mercado. “A Marfrig Global Foods comunica que a unidade de Paranaíba, em Mato Grosso do Sul, terá a sua operação suspensa, a partir do dia 18 de julho, por motivos estratégicos e de reavaliação de negócio em virtude da pouca disponibilidade de matéria-prima na região e a ociosidade da respectiva planta”, alega.

Apesar de anunciar o fechamento a Marfrig destaca que poderá reabrir as portas, caso haja melhorias no setor. “A Marfrig informa que avaliará a retomada das atividades tão logo as condições mercadológicas sejam restabelecidas”, ressalta.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax tentou falar com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Frigorífico e Matadouros em Geral, de Paranaíba, Lucio de Souza Rezende, para saber o reflexo do fechamento do frigorífico para o setor, no entanto, as ligações não foram atendidas.

A média de salarial dos trabalhadores do setor é de R$ 1.200,00 para jornada de 44 horas semanais. A estimativa é de que com o fechamento dos frigoríficos no Estado, 7.540 trabalhadores ficaram desempregados.  Para o secretário da Confederação, Rinaldo de Souza Salomão, os dados são alarmantes.

“É uma planta com muitos trabalhadores. É uma questão social. O governo precisa se alertar quanto a isso. Se não tem matéria- prima que abram as fronteiras e liberem a entrada dos bois da Bolívia e do Paraguai”, sugere.

O presidente da Assocarnes, João Alberto Dias, que está de férias, disse por meio da secretária, que os fechamentos são preocupantes para o setor.  “Nunca tivemos uma crise com esta e esses fechamentos são preocupantes  porque podem gerar a concentração de grandes frigoríficos o que pode prejudicar tanto trabalhadores por conta das demissões, quanto à classe produtiva”, observa.

Para o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, a crise no setor representa queda de 27% do mercado. “O fechamento reflete a dificuldade do setor, que se deve à questão de operacionalidade dos frigoríficos”, pontua.

O presidente da Acrissul diz acreditar que a solução deve ser definida entre representantes da indústria, produtores e os governos estadual e federal. “Depende muito mais das medidas do governo federal para tentar minimizar a crise”, declara.

Segundo informações da Assocarnes, no último dia 10 foi realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir a situação do mercado da carne. Na ocasião ficou decidida a criação de um grupo de trabalho que volta a se reunir no dia 7 de agosto com todos os representantes do setor, além de deputados.