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Sérgio Cruz - O dia na história

1866 – Guerra do Paraguai: expedicionários brasileiros chegam ao rio Taboco

Comissão de engenheiros, à frente da força expedicionária, formada para expulsar os paraguaios do território sul-mato-grossense, alcançam o rio Taboco, no Pantanal
Opinião -

Comissão de engenheiros, à frente da força expedicionária, formada para expulsar os paraguaios do território sul-mato-grossense, alcançam o rio Taboco, no Pantanal.

Integrando esta comissão, rumo à Miranda, e Brasil-, o tenente Taunay, à escreve ao seu pai no Rio, em 5 de agosto de 1866, da margem direita do rio, em área pertencente à fazenda do coronel José Alves Ribeiro, conhecido, como coronel Jejé:

…vou fazer-lhe um pequeno resumo da minha existência aventurosa desde 13 de fevereiro, dia em que saímos de , deixando todos nossos colegas aterrados com a viagem que o comandante nos fazia empreender na estação a mais perigosa das águas. A 25 do mesmo mês, estávamos no rio Negro de onde começamos a enviar desenhos e informações sobre a possibilidade da marcha das forças. Até então tudo correra bem, apesar da detestável alimentação e as chuvas torrenciais que dia e noite nos encharcaram.

Deixando à esquerda os pântanos que eram intransponíveis, começamos a seguir a base da grande cadeia de Maracaju, que vem de Cuiabá e vai ligar-se ao sistema de montanhas do Paraná.


Era uma tentativa para abrir caminho praticável às forças durante os meses de abril e maio, que são ainda chuvosos. Reconhecemos logo nos primeiros dias de exploração, e imediatamente, quanto era aventuroso estender-se até as montanhas e por causa da pouca firmeza de tal solo está o caminho inçado de grandes dificuldades.


Após três dias de penosa marcha nossas provisões inutilizadas em consequência de dias de contínuas chuvaradas desapareceram e vimo-nos às voltas com o mais terrível tormento, a fome.


Só havia um meio de salvação: avançarmos o mais depressa possível. Todos se conduziram com incrível coragem. A vista de um coqueiro (e nós só os encontrávamos de dez em dez léguas senão mais) excitava manifestações de alegria, pelo fato de nos permitir comer o miolo dos cocos e beber o líquido sacarino que encerravam. Tudo contra nós conspirava: os mosquitos cujas picadas nos atravessavam até os ossos, os animais que nos escapavam por dois e três dias e fugiam perseguidos pelas muriçocas, as chuvas que nos encharcavam a bagagem e enfim mil contrariedades que faziam desesperar os mais resolutos. Sustemo-nos sorvendo pequenas xícaras de chá, marchando dias inteiros para vencer uma, duas léguas no rumo direto. Era horrível! Após oito dias da mais completa abstinência pudemos matar uma vaca. Enfim já me comparava a Jagurtha a quem algum romano compassivo apresentasse magnífico filé. 


Dele apenas comi alguns bocados. O estômago esquecera suas funções, a falta de apetite era-me extrema, sentia sede e a água me provocava terríveis náuseas.


No entanto estávamos salvos. Após 14 dias de boas marchas na estrada batida que apanháramos entramos na aldeia da Piraninha.


No dia seguinte estávamos entre os fugitivos de Miranda no alto da serra que domina o Aquidauana; onde ainda se acham os paraguaios.


Depois de um mês de repouso exploramos a margem direita desse rio importante, fazendo mesmo incursões na margem esquerda onde os inimigos exercem muita vigilância. Fomos sempre felizes, achando sinais evidentes da passagem de uma tropa de cavalaria, poucas horas antes de nossa chegada. De volta ao mesmo bom rancho de palha preparamos novos mapas e relatórios que mereceram pomposo elogio dos comandantes das forças em ordem do dia, o que foi comunicado ao governo com a enumeração de nossos serviços ‘altamente importantes’.


FONTE: Taunay, Cartas de Campanha de Mato Grosso (1866), in Mensário do Jornal do Commercio, Rio, janeiro de 1943, página 166.

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