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Artigos de Opinião

Deveríamos proibir as exportações de Grãos?

Mateus Boldrine Abrita é Professor na UEMS e doutor em economia pela UFRGS
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Mateus Boldrine Abrita
Mateus Boldrine Abrita
O Brasil vive uma pressão inflacionária resistente, sobretudo no setor de alimentos. Para se ter uma ideia, alguns levantamentos apontam para uma alta de 82% no óleo de , 56% no arroz e 35% nas carnes no período da . Esses valores variam muito dependendo do período e da região, podendo ser ainda piores para o consumidor em alguns locais. Vários são os motivos para essa alta, elevação do dólar, desestruturação das cadeias produtivas por conta da pandemia, baixos estoques no Brasil, maior demanda internacional, aumento dos custos produtivos e questões climáticas.



Nesse cenário difícil, alguns questionam a necessidade de proibir as exportações dos produtos como os grãos, para reduzir o preço desses alimentos. Será que essa seria uma boa medida?





Como dizia um jornalista americano no século passado, para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada. De fato, no curto prazo, ao proibir as exportações dos grãos, com uma maior disponibilidade do produto no mercado interno, os preços desses produtos tenderiam a cair. Entretanto, criaríamos alguns problemas de médio e longo prazo.





Primeiramente, essa proibição pode gerar um desincentivo ao aumento de produção. Os produtores vão olhar os preços internacionais mais altos, mas serão obrigados a vender pelo preço mais baixo e isso pode desincentivar novos investimentos, até mesmo gerar migração para a produção de outros produtos que não tenham essa proibição. Outro problema é que, como se trata de um setor amplamente vinculado ao mercado global, muitos insumos como adubos, sementes, máquinas e equipamentos são importados. Assim, quando você gerar esse desequilíbrio entre os preços internos e externos os produtores podem não conseguir realizar novos investimentos que aumentem a produtividade e a eficiência da produção. O problema dessa situação é tornar esse setor defasado tecnologicamente.




Claro que em situações emergenciais essa medida pode sim ser adotada em setores estratégicos. Durante a pandemia e, em diversos outros momentos, vários países limitaram exportações de alimentos, insumos de saúde e outros produtos estratégicos. O ponto aqui é que muitas vezes o tiro pode sair pela culatra, ao tentar reduzir os preços você pode no médio prazo promover uma escassez do produto. 




Dito isso, existem medidas mais inteligentes do ponto de vista econômico para ajudar nessa situação. Uma ação importante é uma boa política de estoques reguladores que seja blindada de interesses políticos partidários. Nesse caso, o governo pode atuar comprando o produto quando o preço está baixo e vendendo quando o produto tem altas significativas. Esse processo pode ajudar o produtor a manter a produção nos períodos de baixa e ajudar o consumidor não ser fortemente prejudicado com as altas.




Também é importante, em situações excepcionais, incentivar o abastecimento do produto em falta no mercado doméstico, pelo mercado internacional, a preços competitivos via redução de impostos e taxas para importações. Ademais, o fomento as operações de mercado futuro também podem ter um papel importante para contribuir na elevação da previsibilidade desses mercados. Portanto, para mitigarmos os problemas complexos, na maioria das vezes, precisamos de soluções mais profundas com planejamento, estudos técnicos e análises densas. 




Mateus Boldrine Abrita

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