O Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJ-AM) anulou, nessa segunda-feira, 22, o processo contra os réus envolvidos na morte da empresária e ex-sinhazinha do boi Garantido, Djidja Cardoso. A decisão ocorreu após acolhimento do recurso da defesa, em atendimento à recomendação do Ministério Público, que apontou falha na condução do caso e solicitou o retorno do processo à primeira instância.
O Estadão entrou em contato com o TJ-AM, que informou que “o colegiado acolheu o argumento dos advogados dos réus quanto ao cerceamento de defesa, devido à juntada de laudo toxicológico após as alegações finais, e decidiu pela nulidade da sentença e dos atos processuais subsequentes à juntada dos laudos toxicológicos, em sintonia com o parecer do Ministério Público do Amazonas.”
O TJ-AM também informou que o pedido de liberdade dos acusados foi negado. O julgamento virtual teve início às 9h e contou com a apresentação verbal dos argumentos da defesa, relatados pela desembargadora Luiza Cristina Nascimento da Costa Marques.
Os réus haviam sido condenados em dezembro de 2024 pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. As penas variavam de 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão para cada um:
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja)
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão)
- José Máximo Silva de Oliveira (proprietário de clínica veterinária)
- Sávio Soares Pereira (sócio da clínica)
- Hatus Moraes Silveira (coach)
- Verônica da Costa Seixas (gerente de rede de salões de beleza)
- Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado de Djidja)
Segundo o Ministério Público, existem provas consistentes contra os acusados, como depoimentos e mensagens extraídas de celulares, que indicam uma associação criminosa voltada ao tráfico de drogas. Apenas Verônica e Bruno Roberto estão em liberdade provisória para recorrer, enquanto os demais permanecem em regime fechado até a análise do habeas corpus pelo STJ.
Investigação e contexto do caso
A família de Djidja Cardoso teria fundado o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida, que promovia o uso de cetamina, droga sintética com potencial alucinógeno e de dependência. A substância era fornecida pela clínica veterinária dos réus e utilizada em rituais que, segundo a polícia, incluíam violência sexual e abortos.
Djidja, que foi uma das principais atrações do Festival de Parintins por cinco anos, morreu em 28 de maio. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) apontou edema cerebral como causa da morte, mas não definiu o que provocou o quadro. A principal linha de investigação sugere overdose de cetamina, corroborada por achados de frascos e seringas na residência da família.
De acordo com as apurações, Ademar Cardoso introduziu a cetamina na família após contato com a droga em Londres, e ele e Cleusimar consideravam-se figuras religiosas centrais, com Djidja associada a Maria Madalena.
Os crimes de charlatanismo, curandeirismo, manipulação e adulteração de medicamentos, além de estupro e outros delitos, serão desmembrados e investigados separadamente. A sentença atual trata apenas dos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Alguns ex-funcionários da clínica veterinária e do salão de beleza foram absolvidos por insuficiência de provas.
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