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Brasil

Botulismo: conheça a doença que matou duas pessoas após consumo de alimentos infectados

Butolismo é causado pela bactéria Clostridium botulinum, que produz toxina responsável pelo envenenamento grave, em questão de horas
Helder Carvalho -
butolismo
Bactéria Clostridium, agente causadora do botulismo. (ilustração 3D, reprodução, Associação Paulista de Medicina)

O recente surto de botulismo, que deixou dois mortos na região da Calábria, no sul da Itália, após o consumo de sanduíche com brócolis e linguiça, revisitou os perigos associados à contaminação pelo agente causador. Isso porque ela também ocorre no Brasil, que teve registros de dois casos de botulismo em 2023 e mais seis casos em 2024, ambos no estado da .

Mas o que é essa doença? Segundo o neurologista Gabriel Braga, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-/Ebserh), trata-se de uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria da mesma família do Clostridium tetane, que também causa o tétano.

Contudo, no caso do botulismo, ela pode produzir a toxina botulínica, a mesma dos procedimentos estéticos. Em contato com o hospedeiro, ela promove o bloqueio neuromuscular.

Entre os principais sintomas, destacam-se: febre, mal-estar, náuseas, vômitos e diarreias. “E ainda os sintomas neurológicos específicos, como dilatação sanguínea, visão dupla, visão turva, fraqueza muscular, sialorreia (aumento da quantidade de saliva), dificuldades para engolir e até para respirar”, afirma o especialista.

Conforme o Ministério da Saúde, todas as formas de botulismo podem levar à morte se não tratadas adequadamente e, por isso, os casos são considerados emergências médicas e de saúde pública. Isso acontece porque a bactéria causadora do botulismo produz uma toxina que, mesmo ingerida em pouca quantidade, pode causar envenenamento grave em questão de horas.

Como o botulismo é transmitido?

A principal forma de transmissão da doença é a contaminação alimentar. Nela, ocorre a ingestão de toxinas presentes em alimentos contaminados. Conforme a pasta, os alimentos mais comuns envolvidos na contaminação são:

  • Conservas vegetais (como palmito, picles e pequi);
  • Produtos de origem animal cozidos, curados ou defumados (como salsichas, presunto e “carne de lata”);
  • Pescados defumados, salgados e fermentados;
  • Queijos e pasta de queijos;
  • Alimentos enlatados industrializados (porém, casos relacionados ao consumo desses alimentos são raros, segundo o Ministério da Saúde).

Nesse caso, o período de incubação (tempo entre o consumo e o início dos sintomas) pode variar de 2 horas a 10 dias, com média de 12 a 36 horas.

Botulismo e outras formas de transmissão

Ainda existem outras formas de transmissão da bactéria que causa o botulismo. São elas:

Botulismo intestinal: esporos contidos em alimentos contaminados podem se multiplicar no intestino, onde ocorre a produção e absorção da toxina. Entre os fatores de risco, em adultos, estão as cirurgias intestinais, doença de Crohn e/ou uso de antibióticos por tempo prolongado. O tempo de incubação não é conhecido;

Botulismo por ferimentos: uma das formas mais raras de botulismo, sendo causado pela contaminação de ferimentos pela bactéria. As principais portas de entrada são úlceras crônicas com tecido necrótico, fissuras, esmagamento de membros, ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas ou, ainda, ferimentos produzidos por agulhas. O período de incubação varia de 4 a 21 dias, com média de 7 dias;

Botulismo infantil: é a forma de ocorrência intestinal mais comum em crianças entre 3 e 26 semanas. A principal causa, segundo a Saúde, é o consumo de mel de abelha nas primeiras semanas de vida. Conforme a pasta, esta forma da doença pode ser responsável por 5% dos casos de morte súbita em lactentes.

Os sintomas podem variar conforme o tipo de botulismo (alimentar, intestinal ou por ferimentos), podendo apresentar sintomas comuns entre eles ou específicos. Por exemplo, no botulismo por ferimentos, é comum haver febre, mas não são comuns sintomas gastrointestinais (mais frequentes no tipo alimentar e intestinal). Em alguns casos, os sintomas podem ser leves, dificultando o diagnóstico.

Complicações relacionadas ao botulismo

A toxina botulínica, liberada pela bactéria causadora do botulismo, afeta o sistema motor e, por isso, pode levar a complicações sérias de saúde. É o caso da dificuldade para falar, dificuldade para engolir, fraqueza e fadiga, pneumonia por aspiração e problemas no sistema nervoso em geral. Além disso, ela pode levar à insuficiência respiratória que, geralmente, é a principal causa do óbito por botulismo.

Diagnóstico e tratamento

A identificação do botulismo é feita através do exame físico pelo médico e pela análise dos sintomas. Durante a consulta, o profissional poderá pedir exames neurológicos, de imagem e laboratoriais para confirmar o diagnóstico.

Em seguida, é realizado o tratamento da doença, que se baseia em medidas de suporte — como uso de medicamentos para aliviar os sintomas e monitorização cardiorrespiratória — e medidas específicas, como uso de soro antibotulínico e de antibióticos para eliminar a toxina circulante no organismo. O soro é fornecido exclusivamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mediante a notificação do caso suspeito em ficha específica.

Como prevenir o botulismo?

Segundo o Ministério da Saúde, a prevenção inclui cuidados com o preparo, consumo, distribuição e comercialização de alimentos, além da higienização das mãos e dos alimentos. A pasta também lista as seguintes orientações para prevenir o botulismo:

  • Não consumir alimentos em conserva que estiverem em latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas, vencidas ou com alterações no cheiro e no aspecto;
  • Ao preparar conservas caseiras, é fundamental obedecer rigorosamente aos cuidados de higiene e armazenamento e certificar-se de que essas medidas foram adotadas pelo estabelecimento/vendedor que preparou o alimento;
  • Evitar que crianças menores de 2 anos consumam mel de abelha por haver risco de conter esporos da bactéria do botulismo;
  • Aqueça os alimentos com o cozimento por 10 minutos, com a temperatura acima de 80°C para eliminar as toxinas do botulismo.

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