As aldeias Alves de Barros e Tomázia, Terra Indígena Kadiwéu na região do Pantanal em Mato Grosso do Sul recebem duas oficinas sobre mudanças climáticas e a participação indígena na COP30, nos próximos dias 10 e 12 de setembro.
Conforme a organização, a iniciativa integra o projeto Vidas e Vozes Kadiwéu, realizado pelo Instituto Terra Brasilis em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, com apoio da Associação das Comunidades Indígenas da Reserva Kadiwéu (ACIRK), Wetlands International Brasil, Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal e Funai.
A atividade será conduzida por Sineia do Vale, liderança do povo Wapichana com mais de 30 anos de atuação no movimento ambiental e indígena de Roraima e da Amazônia.
Sineia é co-presidente para América Latina e Caribe do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas, e está como cientista indígena enviada especial à COP30. Além dela, participam representantes da Funai e a indigenista Patrícia Zuppi, com mais de 25 anos de experiência em projetos socioambientais e interculturais.
“Este é um momento de preparação para a COP30, quando precisamos garantir que as vozes dos povos indígenas ecoem nos espaços globais de decisão climática. Levaremos a importância da demarcação de terras indígenas como uma política de clima. Os efeitos das secas, queimadas e enchentes têm atingido nossas comunidades de forma severa. É hora de transformar essa vivência em agenda global, levando nossas necessidades”, ressalta Sineia.
O encontro ocorre em um contexto de crise ambiental no Pantanal. Em 2024, foi registrado o maior número de focos de incêndio desde o ano de 2020. A Terra Indígena Kadiwéu, localizada no município de Porto Murtinho (MS), possui mais de 530 mil hectares e foi diretamente atingida: 70% do território foi consumido pelo fogo, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).
A COP30, que acontece em Belém (PA), em novembro de 2025, será a primeira Conferência do Clima da ONU na Amazônia e marcará os 10 anos do Acordo de Paris.
Países deverão apresentar novas metas de redução de emissões.
Para os povos indígenas, trata-se de um momento crucial para levar às negociações internacionais pautas como a demarcação de terras e políticas de adaptação climática.
As atividades acontecem na Aldeia Alves de Barros (10/09, quarta-feira, às 13h) e na Aldeia Tomázia (12/09, sexta-feira, às 10h).