Aluna do Insper acusada de chamar colega de ‘macaca’ é expulsa, mas volta às aulas após liminar

A estudante foi expulsa da instituição sob a suspeita de cometer injúria racial contra uma colega de sala no primeiro semestre deste ano

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Fachada do prédio do Insper na Rua Quatá, na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo (Germano Luders/Divulgação/Insper)

Uma estudante do 3° semestre do curso de Direito do Insper, universidade localizada na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, foi expulsa da instituição sob a suspeita de cometer injúria racial contra uma colega de sala no primeiro semestre deste ano.

O caso foi denunciado e analisado pelo Conselho Superior da entidade, que abriu uma investigação e decidiu pelo desligamento da aluna em setembro. A acusada, entretanto, conseguiu uma liminar na Justiça e voltou a frequentar as aulas na semana passada.

O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmado pelo Estadão. Em nota, o Insper diz que o caso tramita em segredo de Justiça e, por esse motivo, não tem autorização para comentar a situação “enquanto a ação estiver em andamento”.

Alunos do Insper ouvidos pela reportagem, sob a condição de anonimato, afirmam que a estudante teria cometido injúria racial durante uma aula no primeiro semestre deste ano. Eles não citaram os nomes das envolvidas também sob a justificativa do sigilo judicial e para não expor a estudante ofendida.

Segundo os alunos, a vítima estaria tendo uma discussão com um professor durante uma aula e a acusada teria enviado a um grupo de amigas a seguinte mensagem, conforme os estudantes: “Corre que a macaca está puta”.

A mensagem acabou chegando à vítima, e uma denúncia foi feita contra a suposta agressora.

Em um comunicado feito para estudantes, professores e demais colaboradores, o Insper informou sobre a expulsão após a conclusão de um processo administrativo “relacionado a um caso de discriminação” que foi “conduzido em duas instâncias por órgãos colegiados da instituição”.

“O assunto seguiu rigorosamente os ritos internos e foi tratado com a máxima celeridade e seriedade, garantindo a dignidade e a preservação de todos os envolvidos”, diz trecho do comunicado, enviado à comunidade acadêmica em 1° de outubro.

No texto, o Insper se define como uma instituição que não tolera nenhum forma de preconceito e que tem o “compromisso com a promoção de um ambiente seguro, respeitoso e inclusivo, e a importância de práticas anti assédio”.

Retorno às aulas

Conforme os estudantes ouvidos pela reportagem, a aluna expulsa entrou com uma ação por danos morais contra o Insper e conseguiu uma liminar para voltar a frequentar as aulas e a participar novamente dos grupos acadêmicos dos quais ela era integrante.

O retorno da suposta agressora foi citado por um comunicado escrito pela InsperLaw, uma associação estudantil do curso de Direito, da qual a estudante fazia parte até ser expulsa.

No texto, obtido pelo Estadão, a entidade explica que “por determinação judicial liminar, o membro que foi desligado na semana passada será reintegrado na faculdade”. “Apesar de nosso regimento e do Código de Conduta da Universidade, nos foi imputada a obrigação de seguir a determinação judicial, assim como o Insper”, diz o InsperLaw.

Os alunos ouvidos pela reportagem criticam o retorno da estudante e afirmam que o sentimento do corpo discente é de indignação. Em forma de protesto, cartazes foram pregados nas paredes da universidade com críticas ao racismo e reforçando que a “valorização da diversidade” é um dos princípios de Ética e Conduta do Insper.

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