Dois baianos resgatados de trabalho análogo à escravidão na vinícola de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, detalhou os momentos de tortura psicológica e física na rotina de serviço. Eles conseguiram fugir após presenciar as agressões, na última quarta-feira (22).

Cerca de 200 trabalhadores em situação vulnerável foram encontradas no local. Dentre o relato dos trabalhadores estão o uso de choques, spray de pimenta e espancamento para forçar os funcionários a trabalharem.

“O alojamento tinha câmerasm era tudo monitorado. Se reclamasse de alguma coisa, espancavam a pessoa”, disse uma das vítimas, que não quis ser identificada, ao G1.

“A maioria foi espancado, humilhado, várias coisas aconteceram. Fui violentado no banheiro, me bateram. Nós comíamos comida azeda. Teve gente que tomou até tiro de bala de borracha”, disse outro.

As jornadas de trabalho ultrapassavam 15h por dia, começando a colheita de uvas nas primeiras horas da manhã e voltavam para o alojamento às 23h. No outro dia, o ciclo se repetia. Além disso, por falta de estrutura, eles acumulavam dívidas por compra de comida e itens básicos.

O responsável por recrutar e manter os trabalhadores é uma empresário baiano que não teve o nome divulgado. Ele foi preso após a PRF resgatar 150 pessoas no alojamento, mas foi liberado depois de pagar uma fiança de R$ 40 mil.