A ex-advogada e procuradora previdenciária Jorgina de Freitas morreu nesta quarta-feira (20), no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde que sofreu um acidente de carro, em dezembro de 2021.

Em 1992, Jorgina foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Rio a 14 anos de prisão, em regime fechado, por organizar o esquema conhecido como “Máfia da Previdência”, que desviava verbas de aposentadorias estimado em R$ 500 milhões, segundo a Procuradoria Geral do INSS. Posteriormente, a Advocacia-Geral da União afirmou que a fraude foi de aproximadamente R$ 2 bilhões.

Durante as investigações do caso que ficou conhecido em um primeiro momento como “Escândalo da Previdência”, chegou-se a um grupo com 20 fraudadores, que atuava na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e era formado por advogados, contadores e juízes.

Na época, as investigações mostraram que o grupo já havia desviado mais de 500 milhões do INSS, superfaturando indenizações ou concedendo o benefício para pessoas já mortas.

Como era aplicado o golpe

Para aplicar o golpe na previdência, a quadrilha de Jorgina, com outros advogados, entrava na Justiça com pedidos de ações indenizatórias em nome de trabalhadores humildes que sofreram acidentes de trabalho.

Um contador do bando aplicava correções, o que transformava pequenas quantias em altos valores. Os procuradores do INSS recomendavam os pagamentos, e o juiz Nestor do Nascimento determinava a quitação em 24 horas.

Fuga

Jorgina sozinha conseguiu desviar cerca de 112 milhões de dólares, ganhando notoriedade com sua fuga e pela capacidade de permanecer foragida por cinco anos. Ela passou por vários países, fez plásticas para não ser reconhecida e, por fim, foi localizada na Costa Rica, onde deu uma entrevista exclusiva à TV Globo na época.

Durante a entrevista, a mulher negou o envolvimento no esquema de fraude do INSS, afirmou que nunca usou passaportes falsos e que apenas trocou o nome de Jorgina Fernandes para Maria Fernandes. No entanto, de acordo com o depoimento de um médico, ela já tinha feito oito plásticas na tentativa de mudar as feições e não ser reconhecida.

Prisão

Ela foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Rio a 14 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, em julho de 1992. Ficou foragida até 1997, quando foi encontrada na Costa Rica e extraditada no ano seguinte para o Brasil.

A então advogada foi presa em fevereiro de 1998 e, em 2001, teve o registro profissional cassado pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Em junho de 2010, uma sentença declarou extinta a pena. O alvará de soltura foi expedido no mesmo mês e Jorgina conseguiu a liberdade.

Morte

Jorgina estava internada desde dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente de carro. A ex-advogada morreu nesta terça-feira (19) no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro com 71 anos.

*Com informações do site Uol