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Inflação de 2021 pressiona alta de preço no início do ano

inércia inflacionária deve responder pela metade da inflação de 2022
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A velha regra “ano novo, preço novo” deve voltar com força por causa da herança inflacionária de 2021. O Índice de Preços ao Amplo () bateu dois dígitos – 10,74% acumulado em 12 meses até novembro – e acendeu o sinal de alerta para empresas, escolas, profissionais liberais, prestadores de serviços, entre outros, reajustarem seus preços pela inflação, a fim de atenuar perdas acumuladas nos últimos meses.

A inércia inflacionária, como é conhecida entre os especialistas o mecanismo de aumentar os preços hoje de olho no retrovisor, deve responder pela metade da inflação de 2022, segundo cálculos do economista do Credit Suisse, Lucas Vilela. “A inércia, com certeza, vai ser o principal vilão da inflação em 2022”, afirma

Vilela, que chegou a essa conclusão por meio de estudos econométricos, argumenta que, por causa da expectativa de uma economia fraca em 2022, não é esperada grande pressão de demanda para elevação de preços. O que deverá pesar no decorrer do ano são os reajustes com base na inflação.

Apesar de não ter números sobre o impacto da inércia na inflação de 2022, Fábio Romão, economista da LCA Consultores, também acredita que será mais forte do que em outros anos. Isso porque a inflação de 2021 atingiu dois dígitos e, com os serviços retomando, esse setor vai tentar compensar as perdas da pandemia “Tudo indica que teremos mais indexação.”

HERANÇA. Segundo estudo do Credit Suisse, que projeta inflação de 6% para 2022, bem acima do esperado pelo (4,7%) e pelo mercado (5,03%), de acordo com o Boletim Focus, 3 pontos porcentuais da inflação de 2022 resultarão da inércia inflacionária.

A economista Maria Andréia Parente Lameiras, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tem avaliação diferente. “Existe uma herança, mas não é tudo isso. O acréscimo em 2022 por causa da inércia será marginal.” Ela argumenta que o brasileiro perdeu um pouco a cultura do repasse. Além disso, a previsão de demanda fraca pode funcionar como freio nos preços.

Romão, da LCA, apesar de considerar que o impacto da inércia será forte, pondera que os efeitos da alta de 7,25 pontos porcentuais da taxa básica de juros sobre a atividade podem mitigar os reajustes.

Vilela, do Credit Suisse, acredita que a memória inflacionária ainda é bastante arraigada e esse mecanismo de defesa se manifesta quando a inflação dá um salto, como ocorreu em 2021. “Quando a inflação está baixa, na casa de 2% ao ano ou menos, as pessoas não se preocupam com a inflação passada e deixam de criar mecanismos perversos, contratos indexados, e olham para o futuro.”

A persistência de aumentos de preços se dá por meio da indexação, seja formal, prevista em contratos, ou informalmente, com base na percepção das pessoas. Esse é o caso de profissionais liberais, como médicos e dentistas, ou prestadores de serviços, como encanadores e eletricistas. Pressionados por aumentos de custos, esses trabalhadores também veem seu dinheiro valer menos nas compras do supermercado, por exemplo. O passo seguinte é aumentar o valor da consulta ou da diária para se proteger.

Salário mínimo

Os aumentos de preços em razão da inflação são transmitidos de várias formas. Um dos mais importantes é o custo da mão de obra, que impacta especialmente os serviços. O valor do salário mínimo, que é corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), aumentou 10,18%, para R$ 1.212. O reajuste supera a inflação oficial medida pelo IPCA, que deve ficar em 10,02% em 2021, segundo projeções. O salário mínimo é indexador das aposentadorias e outros benefícios sociais.

Nas escolas, um dos principais custos é o salário dos professores, que é reajustado pelo INPC. Pesquisa nacional recente mostrou que mais da metade (53%) das escolas de ensino fundamental e médio planejam aumentar as mensalidades e as matrículas entre 7% e 10%, de acordo com a consultoria Meira Fernandes, especializada em educação. O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), Benjamin Ribeiro da Silva, espera uma alta ainda maior das mensalidades, entre 10% e 13%.

ALUGUEL. Entre os preços administrados, isto é, aqueles que precisam da chancela de órgãos do governo – um destaque são os produtos farmacêuticos. A regra do reajuste para esses itens é a variação do IPCA do ano anterior, menos 1 ponto porcentual de ganho de produtividade. Com isso, é possível esperar um reajuste de 9% dos produtos farmacêuticos, ante 6,6% em 2021, diz Romão.

A tarifa de ônibus urbanos também é um preço administrado que deve pesar, lembra o economista da LCA. Como o valor da passagem é muito influenciado pelo óleo diesel, que deve fechar 2021 com alta de 47,5%, Romão espera aumento de 10% em 2022.

Já o aumento dos aluguéis, regido por contratos normalmente reajustados pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM), foi quebrado parcialmente. Como o IGP-M disparou em 2020 e em 2021 acumulou alta de 17,78%, proprietários e inquilinos buscaram outros indexadores como o IPCA. Ainda assim, será um reajuste menor, mas de olho no retrovisor.

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