Grito dos Excluídos pede comida e democracia na 28ª edição

Sob o lema “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”, o Grito dos Excluídos promoveu a sua 28ª edição com manifestações em 51 cidades de 25 estados. Organizado por movimentos populares e urbanos, centrais sindicais e pastorais da Igreja Católica, o evento teve como reivindicações trabalho, moradia, terra, comida e democracia. São Paulo Sob uma […]

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Sob uma chuva persistente e um frio de 14ºC, o Grito dos Excluídos ocupou a Praça da Sé em São Paulo (Foto: Agência Brasil)

Sob o lema “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”, o Grito dos Excluídos promoveu a sua 28ª edição com manifestações em 51 cidades de 25 estados. Organizado por movimentos populares e urbanos, centrais sindicais e pastorais da Igreja Católica, o evento teve como reivindicações trabalho, moradia, terra, comida e democracia.

São Paulo

Sob uma chuva persistente e um frio de 14ºC, o Grito dos Excluídos ocupou a Praça da Sé em São Paulo, no centro da capital. O ato começou com uma ação de solidariedade aos moradores de rua, por volta das 7h, com o oferecimento de um café da manhã. “É um grito contra a fome. Nós estamos na luta para que o enfrentamento da fome esteja no centro da política. O Brasil não pode se conformar com tantas pessoas passando fome”, disse Kelli Mafort, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Edson Veloso, de 38 anos, está desempregado há dois anos e foi um dos que receberam o café da manhã. Ele pernoita em um abrigo da prefeitura no bairro Liberdade, mas permanece nas ruas durante o dia. “Eu trabalhava de servente de pedreiro, tinha o meu cantinho, veio a pandemia e não apareceu mais emprego”, conta. Essa é a segunda vez que ele está em situação de rua. “Para mim, Dia da Independência é um dia qualquer. Amanhã vou ter que fazer meu corre de novo”, lamenta.

Rio de Janeiro
O Grito dos Excluídos reuniu representantes de movimentos sociais, coletivos, sindicatos e pastorais no centro da capital fluminense neste 7 de setembro. Mesmo sem o desfile militar na Avenida Presidente Vargas, o ato foi mantido no local, com início na altura da Rua Uruguaiana, e seguiu em caminhada até o Cais do Valongo, na região portuária.

O ato foi encerrado com a leitura da Carta dos Excluídos, no local de desembarque de milhões de pessoas escravizadas trazidas da África para o Brasil e tombado como Patrimônio Histórico da Humanidade, para lembrar que a escravidão no país só foi abolida 66 anos após a Independência.

A cidade amanheceu com uma enorme faixa nos Arcos da Lapa, na qual se lia “Independência é um Brasil sem fome”, assinada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragem (MBA), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento Unido dos Camelôs (MUCA). Pela manhã, o MPA também promoveu a Feira Livre Independência é o Brasil sem Fome, na Comunidade Morro dos Prazeres, com a doação de 5 toneladas de alimentos.

Histórico
Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos ocorre paralelamente aos desfiles de 7 de Setembro. Todos os anos, o evento reúne pessoas de populações vulneráveis que se consideram socialmente e historicamente excluídas. Originalmente promovido pela Igreja Católica, o Grito reúne, além de movimentos populares, diferentes manifestações religiosas.

Os estados que tiveram atos do Grito dos Excluídos foram Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Em Brasília, as manifestações foram adiadas para as 15h do próximo sábado (10), com concentração em frente ao Museu Nacional. No mesmo horário, está previsto um novo ato do Grito dos Excluídos embaixo do vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

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