Flávio Bolsonaro: querem ‘sumir com evidências de brutal assassinato’ de Adriano
O senador Flávio Bolsonaro afirmou, em seu Twitter, nesta quarta-feira, 12, que ‘chegou ao seu conhecimento’ a notícia de que a cremação do capitão Adriano pode estar sendo ‘acelerada’ para ‘sumir com evidências’ de que ele teria sido executado pela Polícia da Bahia, neste domingo, 10. “DENÚNCIA! Acaba de chegar a meu conhecimento que há […]
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O senador Flávio Bolsonaro afirmou, em seu Twitter, nesta quarta-feira, 12, que ‘chegou ao seu conhecimento’ a notícia de que a cremação do capitão Adriano pode estar sendo ‘acelerada’ para ‘sumir com evidências’ de que ele teria sido executado pela Polícia da Bahia, neste domingo, 10.
“DENÚNCIA! Acaba de chegar a meu conhecimento que há pessoas acelerando a cremação de Adriano da Nóbrega para sumir com as evidências de que ele foi brutalmente assassinado na Bahia. Rogo às autoridades competentes que impeçam isso e elucidem o que de fato houve”, afirmou o parlamentar, em sua primeira reação ao caso.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Adriano Nóbrega, o ‘capitão Adriano’, teria reagido quando a Polícia anunciou seu mandado de prisão neste domingo, 10, e acabou morto em troca de tiros com os agentes. O Ministério Público abriu investigação para apurar em que circunstâncias ele foi morto.
Segundo a SSP, foram apreendidos 13 celulares, uma pistola, um revolver e duas espingardas no imóvel na zona rural do município de Esplanada, onde foi encontrado e morto Nóbrega.
Entenda o caso
Adriano Magalhães da Nóbrega, o ‘capitão Adriano’, era um dos alvos da investigação sobre suposta ‘rachadinha’ no gabinete de do senador Flávio Bolsonaro, à época em que o filho do presidente Jair Bolsonaro esteve na Assembleia Legislativa do Rio.
Além de ter sido indicado pelo ’03’ à mais alta honraria do Rio, a Medalha Tiradentes, ele manteve no gabinete do parlamentar sua mulher e sua mãe, que chegaram a ter o sigilo quebrado no inquérito do caso Queiroz. Suspeito de chefiar o ‘escritório do crime’, milícia suspeita de participar do assassinato de Marielle Franco, ele não resistiu após suposta troca de tiros em uma operação policial para capturá-lo.
Ao Estado, o advogado Paulo Emilio Catta Preta, que defendia Adriano, afirmou ter recebido uma ligação de seu cliente na quarta, 7. O ex-PM disse que que tinha “certeza” de que queriam matá-lo para “queimar arquivo”. A viúva do miliciano também fez o mesmo relato.
Mônica Benício, viúva da ex-vereadora Marielle Franco, e o PSOL, cobraram explicações sobre a morte de Adriano. O partido vai pedir uma audiência com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia para cobrar esclarecimentos sobre a morte.
O capitão Adriano estava foragido desde a Operação Os Intocáveis, deflagrada em janeiro de 2019, contra uma milícia que atua em Rio das Pedras, comunidade pobre da Barra da Tijuca. De acordo com a Promotoria do Rio, o grupo atuava na grilagem de terras, na compra, venda e aluguel irregular de imóveis, na cobrança de taxas da população local e na receptação de mercadoria roubada, entre outros crimes. A Receita Federal chegou a fazer uma parceria com a Promotoria do Rio para compartilhar dados fiscais colhidos na Operação Os Intocáveis, com o fim de também elucidar o suposto esquema de desvio de salários.
A mulher do ex-capitão, Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, trabalhou no gabinete de Flávio de 6 de setembro de 2007 até 14 de novembro do ano passado. Já a mãe de Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães, esteve lotada no mesmo gabinete de 11 de maio de 2016 também até 14 de novembro de 2018. Ambas recebiam salário de R$ 6.490,35. Raimunda é citada no relatório do Coaf que investiga corrupção no Legislativo fluminense. Ela repassou R$ 4.600 para a conta de Queiroz.
Quando o Ministério Público Estadual do Rio pediu a quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro e seus assessores, na lista dos alvos constavam os nomes de Raimunda e Danielle. Seus nomes eram marcados em negrito no documento, para ressaltar o elo com o miliciano.
Em dezembro, o MP do Rio concluiu que o Capitão Adriano era beneficiado pelo dinheiro do suposto esquema de “rachadinha” que existia no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio. Os promotores chegaram a essa conclusão depois de analisar conversas via WhatsApp e dados de transações financeiras do ex-PM. As informações constavam no pedido do Ministério Público Estadual do Rio para que fossem deflagradas buscas e apreensões no Caso Queiroz.
Adriano foi homenageado por Flávio em 2003 e 2004 na Assembleia Legislativa por sua atuação como policial. Tanto o senador, quanto seu homem de confiança, Fabrício Queiroz, tinham a mesma versão sobre a nomeação. Queiroz afirmou que ele mesmo quem indicou a contratação da mãe e da mulher do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega para o gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
Nota assinada pelo advogado Paulo Márcio Ennes Klein, à época na defesa de Queiroz, informava que o seu cliente “é ex-policial militar e conheceu o sr. Adriano na época em que ambos trabalhavam no 18º Batalhão da Polícia Militar e, após a nomeação dele como assessor do ex-deputado estadual solicitou ao gabinete moção para o sr. Adriano, bem como a nomeação dele para trabalhar no referido gabinete, em razão dos elevados índices de êxito na condução das ocorrências policiais registradas, até então, na equipe em que trabalhava na PM.”
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