Pular para o conteúdo
Brasil

Em leilão sem concorrência, Claro, Vivo e TIM ficam com operação celular da Oi

A “supertele” nacional, definitivamente, não existe mais. Um consórcio formado pela Vivo, Claro e TIM comprou, em leilão organizado pelo Tribunal de Justiça do Rio, por R$ 16,5 bilhões, as operações de telefonia móvel da Oi. A empresa que nasceu em meio a polêmicas na época da privatização do Sistema Telebras e que, nos governos […]
Arquivo -
A “supertele” nacional, definitivamente, não existe mais. Um consórcio formado pela Vivo, Claro e TIM comprou, em organizado pelo Tribunal de Justiça do Rio, por R$ 16,5 bilhões, as operações de telefonia móvel da Oi. A empresa que nasceu em meio a polêmicas na época da privatização do Sistema Telebras e que, nos governos petistas, recebeu um empurrão para se tornar uma “campeã nacional”, e que hoje está em recuperação judicial, vai agora se dedicar somente à operação de fibra óptica.

A vitória do consórcio não foi uma surpresa. Outra possível candidata, a Highline do Brasil, teria apresentado anteriormente uma proposta formal cujo valor exato não foi revelado, mas foi superado pelo trio. Segundo a assessoria do consórcio, a proposta das três empresas foi a única no leilão.

A divisão da Oi Móvel entre as rivais levará a uma nova configuração do mercado de telefonia brasileiro. A aposta da consultoria internacional Omdia, especializada em telecomunicações, é que a Vivo saia de 33% para 37% de participação no mercado, a TIM de 23% para 32% e Claro, de 26% para 29%. A Oi, com 16%, desaparece do segmento móvel. Os 2% restantes seguiriam nas mãos de operadoras regionais, como a mineira Algar Telecom. Os números da partilha desenhada pelo consórcio, porém, ainda não foram revelados.

Concentração de mercado

Com essa divisão, o mercado brasileiro de telefonia se torna mais concentrado. Mas isso não é necessariamente ruim, segundo alguns analistas. “Em tese, um grau de concentração mais alto implica em diminuir a concorrência. Só que a Oi é uma empresa em recuperação judicial, com poucos recursos para investir e que pode sucumbir e sair do mercado de qualquer forma”, disse o ex-conselheiro do Cade e professor de economia na Fundação Getulio Vargas (FGV), Arthur Barrionuevo.

Segundo ele, o argumento de maior concentração não seria um impeditivo, por si só, para justificar a reprovação do fatiamento da companhia entre as rivais sob os olhos do Cade. “Qual benefício a Oi está oferecendo para a telefonia móvel?”, questiona.

A diretora de regulação da consultoria LCA, Claudia Viegas, também vê a concentração como um desdobramento natural para garantir a sobrevivência das operadoras e afirma que isso não é sinônimo de malefícios ou maiores preços para os consumidores. “O importante é a capacidade de rivalizar”, diz

Viegas afirma que a disputa pelos consumidores vai continuar, mesmo que restem três competidores. “Na telefonia móvel, não tem uma explosão de demanda que gere pressão por aumento nos preços de planos. Pelo contrário. A regra ainda é baratear os preços ao máximo para conquistar os consumidores”, diz.

Já o consultor e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Juarez Quadros, tem uma visão mais cautelosa. “O consumidor poderia ser beneficiado, porque as empresas vão ganhar escala e investir mais em inovação e qualidade”, diz. “Por outro lado, precisamos ver como fica a estratégia comercial. O consumidor pode não ser prestigiado nas ofertas de pacotes e sofrer algum aumento de preços.”

Um ponto comum citado pelos especialistas para minimizar os efeitos da concentração do mercado é que as operadoras têm obrigações de cobertura e qualidade impostas pela Anatel. O órgão regulador é visto como um xerife atuante, que ajudou a reduzir as queixas da população na última década, quando a telefonia móvel foi massificada.

Em 2012, por exemplo, a Anatel suspendeu as vendas de chips de Oi, TIM e Claro até que apresentassem medidas concretas para melhorar a qualidade dos serviços. Em 2009, interrompeu a venda do antigo Speedy, banda larga da Telefônica (Vivo) pelas mesmas razões.

Como é no mundo

Com a divisão da Oi Móvel, o mercado brasileiro segue o mesmo rumo visto nas maiores economias do mundo, nas quais restaram apenas três grandes operadoras. É assim hoje nos , China, Japão, Alemanha, Itália, Canadá, Espanha, Portugal, Holanda, Austrália, México, Colômbia, Argentina e Uruguai.

O mercado com quatro grandes teles é menos comum, mas ainda é visto, como nos casos de Reino Unido, Índia, França, Rússia e Chile, segundo um levantamento compilado por Juarez Quadros. “A tendência de consolidação desse mercado é natural, tendo em vista as necessidades das empresas para ganho de escala e eficiência”, disse.

“Historicamente, o Brasil está na contramão, com um número de operadoras maior do que em outros mercados. Pelas questões de ganho de escala, o normal é ter três, não cinco como chegamos a ter há pouco tempo”, disse Cláudia Viegas, referindo-se à presença de Vivo, Claro, TIM, Oi e Nextel até o começo deste ano – esta última empresa acabou adquirida pela Claro.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
ifms

Refeitório e cozinha no IFMS de Três Lagoas vão custar R$ 2 milhões

indígena

Marmitex da Casa de Saúde Indígena passa a custar R$ 3 milhões para a União

‘Vivo das lembranças’: Fã relembra com emoção show de Roberto Carlos que marcou sua vida

‘Ser de esquerda não é opção, é decorrência’, afirmava Luis Fernando Verissimo

Notícias mais lidas agora

Justiça manda Consórcio Guaicurus pagar R$ 184 mil por atrasos de ônibus em Campo Grande

Filho de policial civil é morto em frente de conveniência no Nova Lima

Bobadilla abriu o placar para o São Paulo diante do Vitória no MorumBis. Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC

Onde assistir: sábado tem Brasileirão e muito futebol europeu

Sites da Prefeitura de Campo Grande ficam fora do ar após suposto ataque hacker

Últimas Notícias

Esportes

João Pedro marca e Estêvão sai aplaudido de pé em triunfo do Chelsea sobre o Fulham

Convocados por Ancelotti, brasileiros brilham em vitória no duelo londrino

Política

Projeto de lei quer proibir exames ginecológicos para nomeação em cargos públicos de MS

Proposta quer assegurar mesmos direitos para homens e mulheres

Política

Dos 24 deputados estaduais de MS, apenas dois pretendem disputar Câmara Federal

Neno Razuk (PL) e Mara Caseiro (PSDB) se colocam como pré-candidatos a deputados federais

Transparência

Governo de MS suplementa R$ 48,2 milhões; maior parte é destinada ao Fundo Especial de Saúde

Destinação do valor suplementado é para investimento na saúde regionalizada de MS