Em depoimento, o ex-diretor-geral da , Maurício Valeixo, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro ligou para ele para informar que o exoneraria do cargo como “a pedido”. As informações foram divulgadas na tarde desta segunda-feira (11) pelo G1.

Quando as publicações em Diário Oficial ocorrem “a pedido”, representam que o servidor pediu demissão do cargo e não que foi retirado por seu superior, neste caso Bolsonaro e o então ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Nesta segunda, Valeixo esteve na Superintendência da PF em para prestar depoimento. O depoimento durou mais de seis horas e, conforme a colunista do G1 e da GloboNews Natuza Nery, Valeixo também disse que Bolsonaro queria alguém com “afinidade” na Direção-Geral da PF.

No depoimento, Valeixo foi perguntado qual seria a definição dele de “interferência política” na Polícia Federal”.

Respondeu que: “Para o depoente [Valeixo], a partir do momento em que há uma indicação com interesse sobre uma investigação específica, estaria caracteriza uma interferência política, o que não ocorreu em nenhum momento sob o ponto de vista do depoente; que em duas oportunidades, uma presencialmente, outra pelo telefone, o presidente da República teria dito ao depoente que gostaria de nomear ao cargo de Diretor-Geral alguém que tivesse maior afinidade, não apresentando nenhum tipo de problema contra a pessoa do depoente; que o depoente registra que o presidente nunca tratou diretamente com ele sobre troca de superintendentes nem nunca lhe pediu relatórios de inteligência ou informações sobre investigações ou inquéritos policiais.”

“[Valeixo disse] que em junho de 2019 foi consultado pelo ex-ministro Sergio Moro sobre a possibilidade de troca do superintendente do , dr. Saadi, pelo dr. Saraiva, então superintendente do Amazonas; [disse também] que segundo o dr. Moro, esse nome havia sido ventilado pelo presidente da República; que não sabe dizer por quais razões o presidente da República teria sugerido aquele nome”, declarou Valeixo em outro trecho.

Demissão

Valeixo foi exonerado do cargo em 24 de abril. A exoneração, publicada “a pedido”, foi assinada por Bolsonaro e pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro. O caso levou Moro a se demitir do cargo de ministro.

Isso porque, ao anunciar a saída do governo, Moro afirmou que Bolsonaro havia tentado interferir politicamente na PF ao tirar Valeixo do cargo. Moro disse também que não havia assinado a exoneração de Valeixo nem recebido o pedido de exoneração do então diretor-geral da PF.

As declarações de Moro levaram à abertura de um inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, para investigar a suposta tentativa de interferência política por parte de Bolsonaro na PF.