No último dia de trabalho na PGR (Procuradoria-Geral da República), a procuradora anunciou que apresentou denúncia sobre irregularidades na investigação do caso e Anderson Gomes. A denúncia tem como um dos alvos o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado), Domingos Bazão.

Dodge também pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de um novo inquérito para apurar os dois assassinatos. Marielle e Anderson foram assassinados há um ano e meio e ainda não há conclusão sobre os autores do crime. As informações são do G1.

“Uma denúncia que estou apresentando hoje é a denúncia da investigação do caso da Marielle Franco e Anderson Gomes. Está sendo protocolada agora à tarde a denúncia, que revela que houve um desvirtuamento desta investigação para que a linha investigativa passasse longe dos reais autores deste duplo assassinato”, afirmou.

Dodge fez a declaração ao apresentar um balanço da sua gestão nos dois anos em que esteve à frente da Procuradoria Geral da República (PGR).

“Estou denunciando Domingos Brazão, o sobrenome inteiro não me recordo de memória agora, um funcionário dele chamado Gilberto Ferreira, Rodrigo Ferreira, e Camila, uma advogada e o delegado da Polícia Federal, Hélio Kristian. Eles todos participaram de uma encenação, que conduziu ao desvirtuamento das investigações”, disse Dodge.

Conselheiro denunciado

Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TC-RJ) e virou réu em ação penal no STJ em junho deste ano em razão da Operação Quinto do Ouro, desdobramento da lava Jato que apura fraudes na Corte.

Brazão está afastado do cargo em razão das suspeitas. Ele chegou a ser preso em 29 de março de 2017. Em 7 de abril de 2017 foi solto, mas afastado da função – situação que perdura até hoje. Ao receber a denúncia em junho último, o STJ confirmou o afastamento.

No desdobramento da Lava Jato, Domingos Brazão responde junto com outros conselheiros do TCE do Rio por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“A denúncia é até bastante simples e objetiva. Ela diz que Domingos Brazão, valendo-se do cargo, da estrutura do seu gabinete no Tribunal Contas do estado do Rio, acionou um de seus servidores, agente da Polícia Federal aposentado, mas que exercia cargo nesse gabinete, para engendrar uma simulação que consistia em prestar informalmente depoimentos perante o delegado Helio Kristian e, a partir daí, levar uma versão dos fatos à Polícia Civil do Rio de Janeiro, o que acabou paralisando a investigação ou conduzindo-a por um rumo desvirtuado por mais de um ano”, complementou Dodge.

De acordo com a procuradora-geral, a denúncia cita o desvio das investigações para não revelar organização criminosa, a inserção de declarações falsas em documentos oficiais e outros crimes relacionados à fraude processual.