Visitas seriam usadas por facções para combinar crimes, diz Depen

O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) vai manter por mais 30 dias a suspensão das visitas íntimas nos quatro presídios federais do Brasil, incluindo o de Campo Grande. A decisão oficial do órgão não foi publicada, mas foi informada a parentes e advogados de presidiários.

“Prezados e prezadas, as visitas sociais íntimas foram suspensas por mais 30 dias, sendo permitido tão somente as realizadas em parlatório, a começar de quarta-feira (28) desta semana. Informamos que nesse período excpecional, as visitas acontecerão de segunda a quinta, em dois horários: de 12h a 15h e de 15h a 18h”, disse o órgão em uma mensagem enviada no Whatsapp.

A medida é mantida pois, segundo o Depen, as visitas íntimas são utilizadas pelas facções criminosas para passar ordens aos comparsas que estão em liberdade. Recentemente, o órgão descobriu um esquema operado por presidiários para assassinar servidores do sistema penitenciário federal.

“O direito de visista com contato físico e encontro íntimo, vivenciado no Sistema Penitenciário Federal, tem sido utilizado como meio eficaz de difusão de mensagens entre presos e familiares, servindo como ferramenta de coordenação e execução de ordens para beneficiar organizações criminosas”, diz o Depen, em um memorando.

Três servidores do sistema penitenciário federal foram assassinados desde setembro de 2016. A última morte ocorreu em Cascavel, no Paraná, no dia 25 de maio, quando a psicóloga do presídio de segurança máxima de Catanduvas, Melissa Almeida, foi assassinada com dois tiros de fuzil na cabeça em uma emboscada.Sob ameaça do PCC, presídios federais mantém suspensas visitas íntimas

O Depen acredita que a morte tenha sido encomendada pelo PCC (Primeiro Comando Central). A facção criminosa estaria planejando a morte de oito servidores de penitenciárias federais, segundo o Departamento, incluindo dois em Campo Grande, até esta sexta-feira (30).

Para barrar as conversas entre integrantes de facções de dentro e de fora dos presídios, o Departamento irá liberar apenas as visitas de parlatório, quando não há contato físico entre os presos e os visitantes. O Ministério da Justiça ainda não se pronunciou sobre a manutenção da suspensão das visitas íntimas.