10 presos, incluindo Sérgio Cabral
A primeira fase da Operação Calicute foi deflagrada pela PF (Polícia Federal) no dia 17 de novembro e teve seu inquérito concluído na quarta-feira (30). Segundo informações 16 pessoas foram indiciadas durante operação e 10 foram presas, incluindo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho.
Delegados Federais conduziram o procedimento por crimes que vão de corrupção passiva e ativa, organização criminosa a lavagem de dinheiro. Serão instaurados ainda outros inquéritos policiais para aprofundamento de novas vertentes da investigação.
A Operação foi inciada por um núcleo da Operação Lava-Jato no Rio, e teve como principal alvo Cabral, suspeito de receber propina de contratos firmados entre empreiteiras e o poder público.
A operação teve como base as delações premiadas do ex-dono da Delta Engenharia Fernando Cavendish, da empreiteira Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia, que revelaram ter pagado propinas por obras como a do Marcanã, do PAC das Favelas e do Arco Metropolitano.
No início deste ano, dois ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez afirmaram, em delação premiada a procuradores da Lava-Jato, que Sérgio Cabral cobrou propina da empreiteira Andrade Gutierrez em obras do Maracanã para a Copa do Mundo.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), Cabral cobrava propina das empreiteiras para que estas fechassem contratos com o governo do estado. As construtoras, por sua vez, se consorciavam para fraudar as licitações e sabiam previamente quem iria ganhar as concorrências.
Os investigadores dizem que 5% do valor de cada contrato ia para Cabral e 1% para a Secretaria Estadual de Obras – percentual conhecido como “taxa de oxigênio”. Cabral recebia das empreiteiras “mesadas” entre R$ 200 mil e R$ 500 mil. De acordo com as investigações, o ex-governador chefiava uma organização criminosa e tinha como principais operadores os ex-secretários estaduais de Obras, Hudson Braga, e de Governo, Wilson Carlos Carvalho, também presos.
Wilson Carlos é apontado como “operador administrativo” das propinas recebidas, enquanto Braga teria utilizado empresas para lavar dinheiro desviado e atuado ativamente no esquema. Abaixo de Wilson e Braga na organização aparecem os “operadores financeiros” José Orlando Rabelo, Wagner Jordão Garcia, Carlos Miranda e Carlos Bezerra. Eles teriam como principal função receber os pagamentos, distribuir o dinheiro arrecadado e usar empresas para ocultar e lavar as propinas.
O esquema criminoso teria desviado R$ 220 milhões, segundo estimativa dos investigadores. Eles acreditam que mais empresas possam estar envolvidas no esquema. O dinheiro das propinas teria sido lavado em contratos falsos de consultorias e na compra de bens de luxo, como joias, vestidos de festa, obras de arte, um helicóptero e uma lancha avaliada em R$ 5 milhões.