Marqueteiro da campanha de 2014 prestou depoimento a Moro
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o publicitário João Santana, preso na Operação Lava Jato, disse que 98% das campanhas políticas no Brasil utilizam caixa dois e que apenas ele e sua esposa foram condenados por isso. Santana, que era marqueteiro do PT durante a campanha presidencial de 2014, foi detido na 23ª fase da operação, em fevereiro.
De acordo com o jornal O Globo, ele afirmou que houve caixa dois na campanha em que Dilma Rousseff (PT) foi reeleita, mas que os critérios da Justiça costumam ser mais leves com outros empresários e políticos. “Se tivesse o mesmo rigor que está tendo comigo em relação a essas pessoas, teria uma fila saindo atrás de mim que iria bater em Brasília, chegaria a Manaus. Poderia ser fotografada de satélite”.
Perguntado por Moro se não acha que pagamentos “por fora” seriam trapaças em campanhas, ele afirmou que é a única maneira utilizada no Brasil. “Ou faz a campanha dessa forma, ou não faz”, disse. “Acho que precisa rasgar o véu da hipocrisia que cobre as relações políticas eleitorais no Brasil e no mundo”, declarou o marqueteiro.
Sua esposa, a empresária Mônica Moura, também afirmou que houve o recebimento. “Foi caixa dois mesmo”, disse ela. O jornal Folha de S. Paulo cita que os dois alegaram que não passaram a informação anteriormente para não contribuir com o processo de impeachment da presidente – hoje afastada – Dilma Rousseff.
Em sua defesa, Dilma disse que nunca autorizou o esquema. Em entrevista ao Jornal do Commércio, a petista disse que não sabe se ocorreu caixa dois na campanha. “Isso não me preocupa. Não autorizei pagamento a ninguém. Procurei sempre pagar o valor que achava que devia a ele [João Santana]. Se houve pagamento de caixa dois, não foi com meu conhecimento”, afirma.
