Vistoria anual foi criada por Puccinelli e mantida por Azambuja

Não foi positiva, pelo contrário, a primeira experiência do policial federal aposentado Jorge Caldas, 58 anos, com a polêmica vistoria anual veicular, obrigatória desde o fim de 2015 na hora do licenciamento de veículos com mais de 5 anos. Depois de fazer o procedimento nesta segunda-feira (11), ele descobriu que um líquido usado durante a vistoria acabou danificando a mangueira do radiador de seu automóvel.

Precisou, então, correr para uma mecânica e teve um prejuízo de mais de R$ 200 em dinheiro, sem contar o tempo perdido e o risco de um estrago ainda maior, além da taxa de R$ 323,50 cobrada pelo licenciamento.

Segundo o aposentado, o profissional teria derrubado acidentalmente líquido corrosivo na mangueira do radiador do automóvel, um Ford Fiesta. O produto é utilizado para fazer o decalque no chassi do motor do carro. “Quando ele estava mexendo vi que deu um respingo do líquido, mas não percebi onde havia caído”, conta.

Depois da inspeção, que durou cerca de uma hora, Jorge lembra que seguiu para sua residência, no Bairro Carandá Bosque. No trajeto, ele diz que a temperatura do automóvel aumentou repentinamente e que fumaça também saiu do motor. “Parei o carro e joguei água. Tive que esperar uns 40 minutos até esfriar para ligar novamente”, afirma.

Quando chegou em casa e constatou o problema, o policial entrou em contato com a concessionaria e foi informado que uma mangueira nova custava cerca de R$ 300. Sem condições para fazer a compra, ele lembra que foi até outra oficina e conseguiu o produto por R$ 80. “Levei para a casa e eu mesmo fiz a troca”, diz.

Policial Federal diz que vistoriador estragou veículo com ácido no Detran-MSPor causa do aquecimento, também foi preciso que Jorge Luiz fizesse a troca de óleo e filtros do motor. Pelo serviço ele afirma ter pagado R$ 140.

O mecânico Paulo Henrique, de 49 anos, que fez o serviço no automóvel de Jorge, conta que por sorte os estragos limitaram-se apenas à mangueira do radiador, filtros e óleo.

De acordo com ele, com o aquecimento, o motor correu risco de danos mais graves, como o rompimento da junta do cabeçote, que poderia levar a água para dentro da câmara de combustão. “A mangueira foi rompida, se passasse água para o motor ele poderia fundir e aí o preço subiria pra mais de R$ 4 mil”, explica.

Ainda segundo o mecânico, esta é a primeira vez que um caso como este acontece. “Uma coisa como esta é imprevisível, é a primeira vez que vemos”, finaliza.

“Sei que imprevistos acontecem, o rapaz foi super educado e não teve a intenção, mas acredito que o deveria capacitar o pessoal e dar instrumentos que facilite o trabalho. O carro é usado por minha filha e meu neto de três anos, imagina se alguma coisa mais grave acontecesse”, desabafa Jorge.

Na tarde desta terça-feira (12), Jorge protocolou reclamação na central de atendimento do Detran-MS e disse que vai aguardar as providências cabíveis.

Vistoria

A do Detran-MS tem sido questionada na justiça. No início de março, O TJMS mandou um juiz julgar uma ação popular que tenta derrubar a taxa, criada por André Puccinelli (PMDB) e mantida por Reinaldo Azambuja (PSDB). A cobrança tem sido alvo de denúncias de irregularidades desde que foi confirmada pelo governador Azambuja, que insiste na manutenção. O processo quer anular a taxa e foi proposta por um contribuinte sul-mato-grossense.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Detran-MS, mas até o momento da publicação não houve resposta.