O MP-MS (Ministério Público Estadual) recomendou que o (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) interdite as visitas ao monumento natural da Gruta do Lago Azul, devido uma série de irregularidades constatadas pelo órgão no local.

O pedido de interdição foi publicado nesta quinta-feira (7). Segundo a recomendação, a Prefeitura de estaria administrando a Gruta “sem qualquer autorização formal da União”, há décadas, conforme demanda a Lei n. 9.636/98.

Além disso, o órgão aponta que a estaria gastando os recursos arrecadados com as visitas à Gruta de maneira “infundada em lei”, repassando até 40% do total arrecadado para gastos operacionais e de gestão da Prefeitura.

Segundo a Lei do Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), pelo menos 65% dos recursos arrecadados deveriam ser vinculados para manutenção da Gruta e de outras unidades de conservação, o que não acontece.

Quanto às receitas e despesas da arrecadação, o MP-MS também apontou irregularidades na concessão de cortesias para ingresso na Gruta. Segundo o órgão, mais de 5,3 mil cortesias foram distribuídas desde o início do ano passado, o que causou uma perda de arrecadação de R$ 262 mil.

Falta de estrutura e segurança

Além dos problemas na gestão orçamentária, a Prefeitura de Bonito foi questionada pelo MP-MS pelos problemas estruturais do monumento, que “vem sendo gerido de maneira completamente insatisfatória”, segundo o Ministério.

Em inquérito civil, foram anexadas fotos dos banheiros da gruta, em “péssimas condições”, sendo que alguns estão interditados. O órgão afirma que só após visita da Vigilância Sanitária é que a Prefeitura começou a reformar os banheiros.

Ainda de acordo com o MP-MS, há dez anos tramita um inquérito que aponta a falta de segurança nas visitas à Gruta do Lago Azul, além de riscos ao meio ambiente decorrentes da visitação. O inquérito já foi para na Justiça, sem solução das irregularidades.

A falta de um plano de manejo da Gruta, que opera há 20 anos sem o documento exigido pela Lei do Snuc, também é apontada como “surpreendente” pelo MP-MS. O órgão questiona ainda a ausência de prestação de contas da Prefeitura, desde 2015, quanto aos recursos arrecadados com visitas.

Interdição e improbidade administrativa

Segundo o MP-MS, o diretor-presidente do Imasul, Ricardo Eboli, e outros servidores, podem ser penalizado por improbidade administrativa diante da inércia em regularizar a gestão da Gruta do Lago Azul.

A recomendação pede que o termo de cooperação técnica entre o Imasul e a Prefeitura de Bonito para gestão da Gruta seja rescindido em até 48h, uma vez que as cláusulas do termo estariam “sendo descumpridas rotineiramente pela municipalidade”.

O órgão pede urgência na elaboração do plano de manejo da Gruta, que deveria estar pronto desde 2006, “como condição indispensável para a reabertura da visitação”. O Imasul também deve providenciar uma licença da Secretaria do Patrimônio da União para exploração da Gruta, para que o local possa voltar a receber visitas.

O prefeito de Bonito, Odilson Soares, foi recomendado a prestar contas no prazo de 30 dias quanto aos recursos arrecadados com a gruta, e também “que cesse imediatamente a concessão de cortesias, pois não existe previsão legal para tanto”.

Outro Lado

O Jornal Midiamax entrou em contato com o prefeito Odilson Soares, que afirmou que a recomendação “não tem nada a ver com a Prefeitura, e sim com o Imasul”, apesar de seu nome ser citado no documento do MP-MS.

Questionado se a Gruta do Lago Azul já foi interditada pela administração de Bonito, o prefeito afirmou que isso é dever do Imasul, e que trata-se apenas de uma “recomendação”.

A reportagem tentou também entrar em contato também com Ricardo Eboli, diretor-presidente do Imasul, porém não conseguiu localizá-lo até a conclusão dessa reportagem.