Zena foi a que mais coletou material no Brasil

De estatura baixa e uma determinação gigante, a enfermeira Zena Maria Correa da Costa é daquelas profissionais que trabalha sem pensar no esforço, mas sim no resultado. Todos os dias, ela cumpre a jornada na UBSF (Unidade Básica de Saúde Familiar) do Vida Nova, em , e foi lá, durante as tarefas diárias, que conquistou o título de melhor coletora do Brasil, durante um estudo nacional sobre HPV, do .

A meta por unidade era de 67 coletas, que começaram a ser feitas a partir de julho deste ano. No início, Zena ficou preocupada com a dificuldade que encontrou em “convencer” os usuários do a participarem da pesquisa, que consiste em responder a um questionário com mais de 100 perguntas, sendo elas de conteúdo social e até íntimo, e por último fazer a coleta – da boca e dos órgãos sexuais.

“Mas eu não me conformei, tomei o desafio pra mim e fui atrás de uma solução. Conversei com uma profissional de Porte Alegre, que me orientou a explicar às pessoas que aquilo era um projeto”, conta Zena.

A partir daí, a enfermeira passou a se empenhar arduamente para cumprir a ão que lhe tinha sido dada. “Coloquei uma meta a mim mesma de 10 coletas por dia e comecei a conversar com as pessoas que estavam na fila esperando atendimento, falava da importância do projeto, até que elas topassem responder ao questionário e fazer a coleta”, explica Zena.

E o resultado deste empenho todo foi de 160 coletas realizadas apenas por ela, durante o período de agosto a setembro. “Não foi fácil, porque muitas pessoas ficavam desconfiadas, desconfortáveis. Mas eu não desistia, explicava quantas vezes fossem necessárias até que elas entendiam o quanto era importante participar da pesquisa”, diz a enfermeira.

Zena Maria tem 53 anos de idade e 30 de formação. No SUS, ela trabalha desde 1998 e há 7 anos atua no UBSF do Vida Nova. “Trabalho por amor à minha profissão e é isso que me motiva todos os dias. Não ganhei nenhum prêmio por ter feito mais coletas, mas sei que esses dados serão em benefício à população e isso não tem preço”, destaca.

O resultado deste estudo será divulgado em 27 de novembro, com o intuito de montar um planejamento estratégico de ações para o enfrentamento da infecção pelo HPV. “Passei a conhecer mais a população que atendo, porque as perguntas eram bastante amplas, e isso me dá subsídios para trabalhar. Conversei com pessoas de vários tipos, até indígenas que vivem em aldeia”, conta Zena.

Pesquisa – Segundo a prefeitura de Campo Grande, todos os dados do estudo são totalmente sigilosos e foram todos encaminhados para um laboratório de Porto Alegre, onde será feita a análise.

De maneira geral, Zena disse que ficou preocupada com o resultado das respostas do questionário. “A maioria não tem o costume de usar preservativo, até mesmo os que não têm parceiros fixos. Isso é muito perigoso, pois aumenta demais o risco de transmitir doenças, inclusive o HVP”, alerta a enfermeira.

A pesquisa foi feita em homens e mulheres de 16 a 25 anos. Campo Grande realizou a coleta de 421 amostras, sendo 112 do sexo masculino e 309 do feminino, atingindo a meta juntamente com outras 17 capitais do Brasil.

Profissionais de seis  unidades de saúde da Capital estiveram envolvidos no estudo: UBSF Vida Nova – Aquino Dias Bezerra, UBS Estral do Sul – Dr. Willian Maksoud, UBS Vila Nasser – Dr. Milton Kojo Chinen, UBS 26 de Agosto  –  Dr. Jair Garcia de Freitas, UBSF Serradinho  –  Dra. Sumie Ikeda Rodrigues e UBS Popular  –  Dr. Vespasiano Barbosa Martins.

HPV – O papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum. Muitas pessoas com HPV não desenvolvem nenhum sintoma, mas ainda podem infectar outros indivíduos pelo contato sexual. Os sintomas podem incluir verrugas nos órgãos genitais ou na pele circundante.

Não há cura para o vírus, e as verrugas podem desaparecer por conta própria. O tratamento visa eliminar as verrugas. Uma vacina que previne os variados tipos de HPV com maior probabilidade de causar verrugas genitais e câncer cervical é recomendada para meninos e meninas.