Espera por exames e cirurgias chega há anos na Capital

Laureano Secundo, de 56 anos, é jornalista. Ele cuidava da mãe, de 87, e a levava nas consultas de saúde, parte da rotina que ele tinha com Dona Eva da Rosa. Além da idade, que costuma trazer mais debilidades na saúde, ela sofria de problemas respiratórios, e parte das consultas tinha objetivo de cuidar do problema.

Na primeira quinzena de novembro de 2016, Laureano levou dona Eva ao posto da Vila Nasser, onde a idosa realizou consultas médicas e ali, foi pedido um raio-X. Uma semana depois, no entanto, ela faleceu. O jornalista afirma que a família já esperava, pois a saúde da idosa era debilitada. Ainda assim, na última quinta-feira (9), uma surpresa: funcionários da unidade de saúde ligaram para marcar o exame.

“Quantas pessoas estão em uma situação semelhante, que poderiam receber o tratamento, e tem de esperar três meses oou mais?”, questiona Laureano. “Agora você imagina um exame de ultrassom, como não é”, continua.

A resposta para o questionamento do jornalista não foi dada em números, mas diferentes relatos levam a crer que são muitos os casos. Cleide Alexandre Furtado, de 45 anos, diz que espera há cinco anos pela retirada de um mioma.

“Eu não sei mais o que fazer. Fazem cinco anos que estou esperando por essa cirurgia e sempre adiam. Dessa última vez estava tudo certo, todos os exames prontos e quando voltei ao médico fui informada de que não tem previsão porque as cirurgias estão suspensas”, relata.

Cleide não é a única. Maria Francisca  da Silva, de 61 anos, espera pela mesma cirurgia. Para adiantar o processo, ela chegou a pagar R$ 350,00 em exames particulares.

“Estou esperando faz muito tempo. Disseram que seria em setembro, mas já se passaram cinco meses e até agora nada. Pagamos pelos exames e não poderei fazer porque as cirurgias estão suspensas”, lamenta.

Maria da Graça, de 62 anos, ficou decepcionada quando chegou para consulta no CEM (Centro de Especialidades Médicas) nessa sexta-feira (10). “Minha consulta estava marcada, mas quando cheguei, disseram que meu nome não estava na lista e mesmo se estivesse, o médico não foi”, frisa.

Sebastião Giro, de 57 anos, afirma que rompeu articulações do ombro em 2010. Na ocasião ele fez ressonância, porém, só foi chamado para a cirurgia dois anos depois e o exame não foi aceito. Para não perder a cirurgia, teve de pagou para repetir o procedimento. 

Pedido de exame foi feito em setembro de 2015

Apesar de conseguir fazer a cirurgia, os problemas se agravaram. Para amenizar as dores, ele necessita de uma prótese, mas para isso é preciso fazer um exame pelo qual ele espera desde setembro de 2015. “Não está fácil não. Estou esperando há mais de um ano e é sempre a mesma desculpa de que a máquina está quebrada. Vou fazer o que?”, pergunta. 

O problema não é só na espera por cirurgias que são constantemente adiadas. Nelza Almeida Gonçalves, de 58 anos, esperava por uma consulta com dermatologista, que já estava marcada há 10 dias, no entanto, depois de mais de 30 minutos na recepção da UBS (Unidade Básica de Saúde) 26 de Agosto – Doutor Jair Garcia de Freitas, foi informada de que a especialista estava de atestado. Paciente aguardava consulta quando descobriu que médico faltou

“A médica não foi e tive de ir embora sem saber quando seria a consulta porque não remarcaram e nem ficaram de me ligar, disseram que eu teria de voltar na unidade para ver quando teria a possibilidade de marcar. A situação foi presenciada pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax

Questionada sobre a quantidade de pacientes da Capital que aguardam por consultas, exames e até cirurgias, a assessoria de comunicação da Sesau (Secretaria de Estado de Saúde Pública) usa o cenário nacional.

A Secretaria justifica que a situação é generalizada em todo o país e admite que a espera pode chegar há anos dependendo do procedimento.

Assista VÍDEO gravado pelo repórter cinematográfico Cleber Gellio.