Testes começaram em

A vacina contra a , desenvolvida pelo Instituto Butantan, começou a ser testada nesta quinta-feira (1°), em Campo Grande. Dois voluntários foram os primeiros a serem imunizados na (Unidade Básica de Saúde) do Bairro Coophavilla. Ao todo, 1,2 mil pessoas vão participar da ação, que será localmente conduzida pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). A Capital é a primeira cidade do Centro-Oeste a participar dos testes. 

Participaram do início dos testes, os governadores de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, Reinaldo Azambuja e Geraldo Alckmin (ambos PSDB), o prefeito de Campo Grande, (PP), o infectologista da UFMS Erivaldo Elias Junior e o diretor do Instituto Butantan Jorge Kalil. 

Neste ano, já ocorreram 17 mortes por conta da dengue, segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde), o mesmo número total do ano passado, e temporada de chuvas ainda nem começou. Até o momento, são 58 mil casos da doença no Estado, número que superou os dois anos anteriores. 

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse estar otimista e que a vacina tetravalente (protege contra os quatro tipos de vírus da dengue) vai ser um avanço não só para o Brasil, mas para todos os países que onde chove com frequencia, concentram cerca de 40% da população mundial, e são atingidos por doenças como a dengue.

“Se tivermos uma resposta positiva, até metade do ano que vêm, encaminhar à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a produção em escala industrial”, afirmou. 

Campo Grande foi uma das cidades escolhidas, pois é necessário realizar os testes em locais onde há a circulação dos quatro tipos de vírus da dengue.  Alckmin ainda destacou que o objetivo é a fabricação de uma vacina disponibilizada no SUS (Sistema Único de Saúde), de forma gratuita e em dose única e no futuro, combater as outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. “Já é meio caminho andado para no futuro desenvolver ações contra a Zika e a Chikungunya”, disse. 

O governador do Estado, Reinaldo Azambuja, afirmou que a vacina era um “avanço não só para o Brasil, mas para o mundo. Torço para que se concretize através das pesquisa e que possa ser inserido no rol das vacinas”.

Azambuja disse ainda não acreditar que a vacina possa tornar a população menos preocupada com a prevenção da dengue e que a vacina importada, que foi disponibilizada no último mês em clínicas da Capital, é cara para a maior parte da população e que só protege contra um tipo de vírus da dengue. 

O infectologista da UFMS Erivaldo Elias Junior, explicou que as 1.200 pessoas que serão voluntárias vão ser escolhidas na região da UBS e que vão passar por uma rigorosa avaliação médica para poderem fazer parte dos testes.

“Vão ser acompanhados por cinco anos, se tiveram dengue nesse período, com visitas mensais. Na segunda fase de testes foi avaliada a segurança e agora, na terceira fase, será avaliado a eficácia. O quanto protege em larga escala”. Segundo o médico, mesmo os testes durando cinco anos, o registro na Anvisa pode ser obtido antes, com a comprovação da eficácia. 

Isabel Gonçalves, de 53 anos, foi a primeira a ser imunizada contra a dengue no Estado. “Foi o agente de saúde que informou. Nunca tive dengue e achei interessantes. Se ninguém aceitar [ser voluntário] não vai ter co mo dar certo [os testes”, diz. 

Segundo o Instituto Butantan, Jorge Kalil, a vacina é produzida com o vírus vivo, porém, enfraquecido, e por isso, a resposta imunológica tende a ser mais forte. Por estar enfraquecido, o vírus não tem potencial para causar a doença. A vacina possui fórmula em pó, o que garante a possibilidade de manter os vírus vivos em temperaturas não tão frias e aumentar a validade. 

Nas etapas anteriores, a vacina foi testada em 900 pessoas. 600 durante testes clínicos nos Estados Unidos e 300 em São Paulo, em parceria com a USP (Universidade de São Saulo). Em Campo Grande, os voluntários devem ter entre 2 e 59 anos. Além de Mato Grosso do Sul, o Instituto Butantan está desenvolvendo esta terceira fase dos testes em 12 estados e 17 mil voluntários. 

Do total, 2/3 dos voluntários recebem a vacina e 1/3 recebe placebo. Nem os imunizadores sabem quem está recebendo a vacina.