Estado apresentou maior índice entre 2007 e 2012

Enquanto o projeto de laboratório toxicológico fica no papel, o Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos 2016, elaborado pelo Ministério da Saúde afirma que, entre 2007 e 2012, Mato Grosso do Sul registrou mais contaminações por agrotóxicos do a média registrada em toda região centro-oeste.

“Entre 2007 a 2012, a incidência de intoxicações por agrotóxicos no estado foi superior à média da Região Centro-Oeste. Em 2013, entretanto, verificou-se o aumento das intoxicações em todos os estados da região e o decréscimo na incidência de Mato Grosso do Sul, que passou de 10,34 casos para 9,24 casos por 100 mil habitantes. No período entre 2007 a 2013, ocorreram, em média, sete casos de intoxicação a cada 100 mil habitantes por ano”, afirma o relatório.

Outro ponto citado no documento, é a “demora” que o estado levou para elaborar a proposta de vigiliância. Apesar de ter realizado ações pontuais anteriormente, a consolidação da proposta de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos de Mato Grosso do Sul deu-se somente em 2014”.

Laboratório

O laboratório, inicialmente, era resultado de convênio firmado entre a Funasa (Fundação nacional de saúde) e o município de São Gabriel do Oeste, distante cerca de 141 quilômetros de Campo Grande. A cidade foi escolhida pelos cultivos tradicionais do agronegócio, como a soja, que tem vasto uso de agrotóxicos. Orçado em R$ 4 milhões, a administração municipal, no entanto, teria pedido a transferência do convênio para o governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

O governo, por meio da SES (Secretaria Estadual de Saúde) afirma que “já encaminhou à Fundação de Saúde (Funasa) o projeto de construção do Laboratório de Toxicologia que será erguido no Lacen (Laboratório Central) de Campo Grande. Até o momento, a SES aguarda a aprovação do projeto, que será autorizado pela Funasa, para dar início às obras”. 

A Secretaria, por meio da assessoria de comunicação, também afirma que p Estado entrará com contrapartida de R$ 1 milhão, “valor utilizado para a compra de equipamentos”. 

Agrotóxicos e saúde

O relatório afirma que o líder de consumo no Brasil é o Glifosato. O país utilizou mais 411 milhões de quilos da substância em 2013. O agente químico, um organofosforado, é apontado por pesquisas de saúde como responsável pelo aumento de casos de depressão e suicídio, especialmente em trabalhadores que manipulam o produto.

“Esse modelo de desenvolvimento vem gerando impactos sociais e ambientais de curto, médio e longo prazos, os quais são custeados por toda a população por meio de gastos públicos com recuperação de áreas contaminadas, prevenção, diagnóstico e tratamento de intoxicações agudas e crônicas, afastamentos e aposentadorias por invalidez de trabalhadores rurais e até mortes por utilização dessas substâncias, sem que haja a socialização desses custos de responsabilidade direta das indústrias químicas”, afirma o relatório.

Campo Grande está entre os 30 municípios brasileiros onde mais ocorreram notificações de intoxicações por agrotóxicos entre 2011 e 2014: 300 casos.

MS desponta no consumo

 

O relatório explica que a comercialização de agrotóxicos no País tem aumentando ao longo dos anos, sem aumento proporcional da área plantada. “Embora a produção brasileira tenha crescido, estudos demonstram que nem sempre o aumento na quantidade de agrotóxicos utilizada no plantio se reflete no aumento da produtividade. Em 2004, por exemplo, o aumento do consumo de agrotóxicos na rizicultura irrigada foi de 166%, enquanto a produtividade média aumentou apenas 10,3% o que evidencia o descompasso entre o uso de agrotóxicos e os benefícios em termos de produtividade”.

Mato Grosso do Sul está entre os estados com maiores quantitativos de agrotóxicos comercializados por hectare, entre 2012 e 2013. A Região Centro-Oeste utilizou cerca de 333 milhões de quilos de agrotóxicos em 2013: 27,2% da comercialização de agrotóxicos no Brasil. Mato Grosso do Sul corresponde a 16,4% desse uso, com cerca de 55 milhões de quilos comercializados e o aumento de área plantada de 500 mil hectares.