Juliana utilizou Yaz por cinco anos

Uma jovem paulista chamou a atenção na internet por relatar drama vivido depois do uso de pílulas anticoncepcionais. Juliana Pinatti Bardella, 22, estudante de medicina veterinária em Botucatu, sofreu de trombose cerebral após cinco anos utilizando o medicamento Yaz.

De acordo com a postagem de Juliana em sua conta no Facebook, ela começou a sentir dores de cabeça, que aumentaram gradativamente durante três semanas, até que a jovem as considerasse insuportáveis. A estudante conta que foi ao hospital de Botucatu, onde alega ter recebido remédios para enxaqueca, e que a médica não quis encaminhá-la ao neurologista, mesmo após insistência da jovem.

Aos poucos, com o passar dos dias, Juliana percebeu que outros órgãos, como as mãos e pernas, estavam afetados. “Era sexta-feira, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho”, afirma.

O problema se agravou cada vez mais, conforme o post, que teve mais de 190 mil curtidas e cerca de 60,5 mil compartilhamentos. “Alguns minutos depois peguei o celular para fazer uma ligação, mas foi muito difícil, fiquei muito tempo olhando para a tela sem saber o que fazer, como se tivesse esquecido como manusear um telefone”, prossegue Juliana.

Após ser socorrida por amigas com quem mora, que a ajudaram a usar o telefone, a acadêmica conseguiu falar com a mãe, que foi até a casa. Os pais de Juliana a levaram, com urgência, a um hospital da capital paulista. Segundo o texto, o remédio para enxaqueca deixou de fazer efeito durante a viagem e a dor voltou ainda pior.

Durante a realização de exames, Juliana recebeu, sem sucesso, medicamentos para aliviar a dor, que continuou forte. Na ressonância magnética, os médicos identificaram trombose venosa cerebral. “Foi um choque”, afirma a estudante. Após ser questionada pelo médico sobre uso de anticoncepcionais, ela afirmou que toma há cinco anos, e obteve a resposta de que esta poderia ser a causa do problema.

 “Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco. Não tenho histórico familiar, não sou fumante, e os exames de sangue estavam normais, não tinha predisposição a ter trombose”, continua a jovem, que ficou três dias na UTI e mais 12 internada no hospital.

“De certa forma me culpei por ter ignorado as notícias sobre a trombose que via na internet ou que ouvia falar. Confiava demais no Yaz, confiava demais em mim mesma, pensava que aquilo não iria acontecer comigo”, diz. O anticoncepcional citado é o único com baixa dosagem hormonal aprovado pela FDA (Administração de Drogas e Comida, na sigla em inglês), órgão que fiscaliza medicamentos pelo mundo. O Yaz começou a circular no Brasil em 2007.