Os sinais podem incluir alterações de comportamento

Com 19 casos de raiva animal confirmados na região, sendo 14 deles em Corumbá (13 cães e um bovino) e 5 em Ladário, e um caso de raiva humana, a Secretaria de Saúde corumbaense realiza força-tarefa para dar continuidade à ção de cães e gatos, de casa em casa, neste fim de semana. Além dos agentes do Centro de Controle de Zoonoses, a equipe conta com o apoio de 40 militares do Exército e da Marinha.

Também foram integrados às equipes de trabalho de Corumbá, 14 técnicos do Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande, cedidos pela Secretaria  Saúde Pública da Capital. “Corumbá recebeu a parceria de Campo Grande com o envio de técnicos e veterinários para reforçarem o combate à raiva.

Além dessa parceria, tivemos o apoio da Secretaria de Saúde do Estado, que nos cedeu mais 10 técnicos e 1 carrocinha. Estamos recebendo o suporte para realizarmos o fechamento das vacinações de casa em casa”, afirmou ao Diário Corumbaense a secretária de Saúde do Município, Dinaci Ranzi. Ainda de acordo ela, o paciente de 38 anos, que contraiu a raiva humana, permanece internado no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian de Campo Grande em estado grave.

As equipes percorrem, inicialmente, o bairro Cristo Redentor e as regiões do Cravo 1, 2 e 3 e os bairros Guató e Guanã. Os moradores têm se mostrado bastante preocupados com a doença, e na maioria das vezes, os agentes não encontram resistência. As visitas são bem receptivas e os moradores colaboram com o trabalho. Foi o caso do militar reformado Ademir Francisco, de 63 anos, que destacou a importância da ação. “Com esse problema da raiva canina, essa vacinação veio na hora exata, agora os animais estão protegidos. Nós temos crianças pequenas e elas não sabem do perigo e cabe a nós, adultos responsáveis, assegurar a saúde delas e também dos cães e gatos”, explicou Ademir.

Até mesmo as crianças têm demonstrado preocupação. No Cravo 3, durante a ação dos agentes da força-tarefa,  Elizama Pessoa Ojeda,  de 7 anos,  não esperou a visita em casa e foi até a equipe  para vacinar os gatos de estimação. Com os felinos no colo e a importância da vacinação na ponta da língua, Elizama, aprendeu na escola que a raiva não tem cura.  “Na escola, nós aprendemos que a raiva não tem cura, e os animais podem passar a doença para a gente através da mordida. Como eu fico muito tempo com eles, fiquei com medo, e trouxe para tomar a vacina”, disse a pequena Elizama.

A partir de segunda-feira (27) o trabalho de vacinação fecha as regiões do Guató e Guanã e segue para os bairros Popular Velha, Centro América, Previsul, Universitário, além do Centro. A previsão é cobrir toda a cidade com a imunização até domingo (03). A Prefeitura orienta que os proprietários de animais mantenham os mesmos em suas residências, pois a captura de cães não domiciliados nas ruas continua, seguindo normas do .

Posse responsável e prevenção

 

A médica infectologista do Hospital Universitário – UFMS, Andyane Tetila, que presta consultoria para a Secretaria de Saúde de Corumbá, esclarece que o cuidado começa na posse responsável de animais domésticos que precisam estar vacinados contra a doença, porém não é o único ponto a ser observado. “Ter consciência de que se visitou uma mata, o contato com o morcego é de uma preocupação bastante grande, principalmente nesse momento”, lembrou Andyane ao destacar que não são apenas animais domésticos os únicos com potencial transmissão da raiva.

Ela esclareceu ainda sobre o período de raiva em humanos que, em média acontece entre 2 a 3 meses, mas, há registro de ano para a manifestação dos sintomas da doença, por isso alerta sobre a importância da busca do serviço de saúde imediatamente ao contato com animais suspeitos de possuir a raiva.

“Frente a qualquer acidente ou contato com algum animal suspeito de rua, que te lambeu, que entrou em contato com mucosa porque a saliva do animal é muito rica em vírus, é necessário o atendimento médico. A partir do momento que sofreu um acidente com esses animais, teve contato com morcego, esteve um em mata ou também uma mordida de um , o arranhão de um gato, procure assistência médica porque existe profilaxia”, destacou a infectologista à assessoria de comunicação da PMC.

Prevenção é dever do cidadão:

 

– procurar sempre o Serviço de Saúde, no caso de agressão por animais;

– levar o animal para ser vacinado contra a raiva, anualmente;

– manter seu animal em observação quando ele agredir uma pessoa;

– não deixar o animal solto na rua e usar coleira/guia no cão ao sair.

Evite:

 

– tocar em animais estranhos, feridos e doentes;

– perturbar animais quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo;

– separar animais que estejam brigando;

– entrar em grutas ou furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou morto);

– criar animais silvestres ou tirá-los de seu “habitat” natural;

 

O que fazer quando agredido por um animal, mesmo se ele estiver vacinado contra a raiva:

 

– lavar imediatamente o ferimento com água e sabão;

– procurar com urgência o Serviço de Saúde mais próximo;

– não matar o animal, e sim deixá-lo em observação durante 10 dias, para que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva;

– o animal deverá receber água e alimentação normalmente, num local seguro, para que não possa fugir ou atacar outras pessoas ou animais;

– se o animal adoecer, morrer, desaparecer ou mudar de comportamento, voltar imediatamente ao Serviço de Saúde;

– nunca interromper o tratamento preventivo sem ordens médicas;

– quando um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele não tenha agredido ninguém, não o mate e procure o Serviço de Saúde.

Nos animais, a raiva pode apresentar vários sinais clínicos, tornando-se difícil diferenciar de outras síndromes nervosas agudas progressivas. Os sinais podem incluir alterações de comportamento, depressão, demência ou agressão, dilatação da pupila, fotofobia (medo do claro), mordidas no ar, salivação excessiva, dificuldade para engolir devido à paralisia da mandíbula, déficit múltiplo de nervos cranianos, ataxia e peresia dos membros posteriores progredindo para paralisia. Neste estágio o animal para de comer e beber. O estágio paralítico pode durar de um a dois dias, seguido de morte por parada respiratória.