Hipersonia: quando dormir não tira o sono

É uma doença relativamente rara e só afeta 1% da população

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É uma doença relativamente rara e só afeta 1% da população

Por mais que passem o dia todo dormindo, algumas pessoas simplesmente continuam com sono. Elas se sentem cansadas toda hora e não conseguem ficar “acordadas” durante o dia sem ficar bocejando e lutando contra a exaustão.

“Na maioria dos casos, elas não têm dificuldade alguma para dormir. Mas o fato de dormirem não é algo que acaba com o cansaço. Elas têm problemas para se levantar e se sentem confusas e irritadas”, afirmaram os pesquisadores da Associação Espanhola de Narcolepsia e Hipersonia (AEN).

Alguns dos efeitos, segundo a associação, são: fadiga, cansaço, perda de concentração e problemas de movimento. Para lidar com o problema, as pessoas que sofrem com esse distúrbio costumam utilizar vários despertadores e alarmes para conseguirem levantar da cama no horário – e, ao se levantarem, acabam se sentindo desorientadas.

Segundo a AEN, todos esses fatores podem acabar influenciando a auto-estima, a vida social e a rotina de trabalho de quem sofre desse transtorno. Isso porque, durante o dia, as pessoas com hipersonia têm uma sensação contínua de sonolência e, como consequência disso, diminuem seus níveis de atenção, concentração e memória.

Segundo a Associação Americana de Sono (ASA, na sigla em inglês), a hipersonia se assemelha à narcolepsia (condição neurológica de sono incontrolável) pelos sintomas, mas, enquanto muitos narcolépticos têm problemas para dormir, quem sofre de hipersonia consegue dormir tranquilamente e até melhor do que a maioria das pessoas.

De acordo com a ASA, a hipersonia pode ser ocasionada por outros transtornos de sono e também por fatores genéticos – ou também pelo uso de certos medicamentos ou drogas. O distúrbio também pode aparecer em pessoas que têm fibromialgia (síndrome que provoca dores em todo o corpo) ou em pessoas que sofreram danos cerebrais.

“Higiene do sono”

“É uma doença relativamente rara e só afeta 1% da população. É ligeiramente mais comum em mulheres do que em homens e normalmente só começa na idade adulta”, afirma a ASA.

“Isso inclui o estabelecimento de horários de sonos regulares, ter um ambiente adequado para dormir e uma cama com travesseiros confortáveis, além de evitar a cafeína e outros estimulantes perto da hora de dormir.”

Sensação de cansaço

“Se me dessem um centavo por cada vez que alguém me diz que está me achando cansada e que tenho que dormir mais, eu ficaria milionária”, brincou, em entrevista à CNN.

Hulshizer conta que acorda tão cansada quanto quando foi dormir – mesmo depois de ter dormido 12 horas. Ela atribuía o cansaço ao estresse e à agenda sempre lotada, desde quando era mais nova.

Nunca pensou que pudesse ter um problema real, até que foi diagnosticada, anos depois, com hipersonia. A princípio, o tratamento foi feito com estimulantes, mas depois Hulshizer começou a sofrer dores de cabeça e tremores e se sentia cansada de novo.

Foi aí que David Rye, neurologista da Emory University School of Medicine, de Atlanta, nos Estados Unidos, começou a tratá-la com um medicamento que normalmente é utilizado para acordar os pacientes de anestesias, chamado Flumazenil.

“Foi incrível, me fez sentir que estava viva pela primeira vez. Eu me sinto como uma nova pessoa”, disse Hulshizer. Segundo a Universidade, muitos adultos que têm problemas de sonolência liberam uma substância no cérebro que atua como uma “pílula para dormir”.

“Nosso estudo será um grande avanço para determinar a causa desses transtornos, ainda que seja preciso investigar se os resultados se aplicarão à maioria dos pacientes”, explicou Merrill Mitler, diretora do programa no Instituto Nacional de Transtornos Neurológicos e Acidente Neurovasculares, que apoia o projeto de Rye. “Os pacientes que têm hipersonia sofrem grande incompreensão”, completou.

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