Descoberta recente indica que a prática leva as células doentes a absorverem mais quimioterápicos

Não só para manter as medidas e o preparo físico servem os exercícios. Pesquisas em diversas áreas da medicina têm comprovado benefícios inesperados a quem encontra tempo e disposição para ao menos uma leve caminhada. É o caso do combate ao câncer. Há experimentos mostrando, por exemplo, que a oxigenação e a vascularização promovidas pela atividade física ampliam a ação de quimioterápicos. Outros detectam melhoras significativas, mas ainda sem explicação molecular capaz de identificar as causas certeiras pelas quais livrar-se do sedentarismo é bom contra a doença.

A última pesquisa mais expressiva sobre o tema voltou as atenções dos médicos para estimular pacientes oncológicos a se exercitarem mesmo durante o tratamento. Uma equipe do Centro Médico da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, descobriu que a atividade física afeta o crescimento tumoral e a resposta dele à ação dos quimioterápicos. Os testes foram feitos em camundongos, e os resultados publicados na edição de março do Journal of the National Cancer Institute.

De acordo com o trabalho liderado por Allison Betof, do Instituto Duke de Câncer, o crescimento anormal de vasos sanguíneos nos tumores sólidos cria áreas de hipoxia, que tornam os cancros mais agressivos e resistentes às terapias. As últimas duas características são amenizadas quando se pratica exercícios físicos. Já é conhecido que a atividade promove o crescimento de vasos sanguíneos e melhora a perfusão de tecidos normais (capacidade de o sangue fluir por meio dos capilares). A grande novidade é que o efeito atinge os tumores sólidos. No entanto, em vez de torná-los mais fortes, como ocorre com as células, os transforma em uma “esponja” para os quimioterápicos.

Para chegar a esses resultados, os cientistas implantaram células de câncer de mama em camundongos e, aleatoriamente, os dividiram em grupos de animais sedentários e os que corriam em uma rodinha. Ao longo do tempo, foram avaliados o crescimento tumoral, a densidade dos vasos sanguíneos, a maturidade e a perfusão, além da medida de hipoxia tumoral e da resposta a um agente quimioterapêutico.