Vítima de insuficiência cardíaca, morreu hoje (23) no Rio, aos 88 anos, o cantor e compositor Sérgio Ricardo. Ele estava internado no Hospital Samaritano desde o início de abril, quando contraiu a covid-19, curou-se   da doença, mas, por causa de problemas cardíacos e da idade, precisou continuar hospitalizado.Morre no Rio o cantor e compositor Sérgio Ricardo

Nascido João Lufti, na cidade de Marília, , começou a estudar música aos 8 anos. Aos 17 anos, mudou-se para São Vicente, também em São Paulo, onde trabalhou como operador de som e discotecário na Rádio Cultura e como pianista nas boates Savoi e Recreio Prainha.

Em 1952, foi para o Rio de Janeiro e trabalhou como locutor na Rádio Vera Cruz. Depois, conseguiu um emprego de pianista na Posto 5, em , no lugar de Tom Jobim, que foi trabalhar como arranjador na gravadora Continental.

Na noite carioca, onde atuou por vários anos, fez amigos como Tom Jobim, João Gilberto e Johnny Alf. Muito requisitado como pianista, apresentou-se em boates do Rio, de São Paulo e Santos. Nessa fase, iniciou a carreira de cantor e compositor, destacando-se quando a cantora Maysa, gravou a música Buquê de Isabel.

Nome artístico

Em São Paulo, em uma apresentação na TV Tupi, acompanhando o gaitista Chade, o pianista foi convidado pelo diretor artístico Teófilo de Barros para virar ator da emissora, com a condição de mudar seu nome para Sérgio Ricardo.

Embora relutante inicialmente, aceitou o convite e passou a intercalar os trabalhos de ator e pianista na noite. Estrelou como galã no musical Música e Fantasia e, em seguida, atuou em O Direito da Mulher, tendo feito também papeis em novelas de rádio e televisão. Seu rosto ficou conhecido na TV Rio, atuando em novelas como Está Escrito no Céu. Sérgio Ricardo participou também do Grande Teatro Tupi. Na TV Continental, no , apresentou o programa Balada, dedicado integralmente à bossa nova.

Em 1958, foi um dos primeiros a gravar um LP nesse estilo, A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo, pela Odeon, com apenas músicas próprias. Seu maior sucesso no disco, a música Zelão, foi o centro de uma polêmica sobre a falta de engajamento social em grande parte das composições do gênero, levou Sérgio Ricardo a deixar o movimento.

Consagração

Em 21 de novembro de 1962, Sérgio tocou no histórico Festival da Bossa Nova, no Carnegie Hall, em , onde passou oito meses, procurando um produtor para Menino da Calça Branca e tocando ao vivo em boates como o Village Vanguard, onde revezava com os músicos Herbie Mann e Bola Sete De Nova York, seguiu para a Riviera Francesa, convidado para uma tournée.

Em 1967, lançou o disco A Grande Música de Sérgio Ricardo, contendo composições inéditas e trilhas que fizera para o cineasta Glauber Rocha.

Vaias

No III Festival da Canção de 1967,  com a canção Beto Bom de Bola, Sérgio Ricardo protagonizou o célebre episódio em que quebrou o violão e o lançou sobre a plateia, irritado com as vaias que o impediam de interpretar a canção no palco, e foi eliminado da final após o incidente.

Sérgio Ricardo teve uma vasta carreira na música, teatro, cinema, e televisão.

Sepultamento

Em comunicado, a família do artista destaca sua partida “no momento em que seus amigos e parceiros de vida fazem diversas homenagens a ele em sua página do Instagram e do Facebook por conta de seu recente aniversário, comemorado no último dia 18 de junho” e informa que o corpo será sepultado amanhã (24) no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador.

Segundo os filhos Adriana Lutfi, Marina Lutfi e João Gurgel, o enterro de Sérgio Ricardo será aberto. O corpo será velado a partir das 14h, na Capela A do Cemitério da Cacuia, e sepultado às 16h30, no jazigo da família.