Estudo premiado fez a descrição de surto de infecção

 

Com um trabalho que teve o Universitário da Universidade Federal da Grande (HU-) como campo de estudo, a aluna de doutorado da UFGD, Kesia Esther da Silva, recebeu, na última semana, o “Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS”, reconhecimento feito pelo Ministério da Saúde a trabalhos técnico-científicos na área de Ciência e Tecnologia em Saúde. A informação é da assessoria de imprensa da instituição.
 
A pesquisa é coordenada pela doutora Simone Simionatto, pesquisadora e docente da UFGD, e propôs um estudo de epidemiologia molecular de Serratia marcescens multirresistentes (as superbactérias) identificadas no ambiente hospitalar, especificamente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do HU-UFGD.
 
De acordo com a doutoranda, o trabalho premiado fez a descrição de um surto de infecção hospitalar causado por Serratia marcescens, coprodutora de duas potentes enzimas que degradam antibióticos, a enzima KPC-2 e IMP-10. Essa é a primeira descrição no mundo de uma bactéria com estas características de resistência e o primeiro relato da enzima IMP-10 no Brasil.
 
Por meio do estudo, foi possível elencar os fatores de risco associados à presença dessas bactérias, contribuindo para traçar ações preventivas ao controle de infecções hospitalares. Esses resultados enfatizam a importância de pesquisas que buscam identificar bactérias multirresistentes, bem como os fatores moleculares envolvidos nesta resistência, na tentativa de redução da mortalidade provocada por estes micro-organismos multirresistentes.
 
O prêmio, na categoria “Trabalho Científico Publicado”, foi entregue em Brasília (DF) no dia 13 de dezembro pelo desenvolvimento do estudo “Co-produção de KPC-2 e IMP-10 em Serratia marcescens resistentes a carbapenêmicos isolados de um surto em um hospital de ensino brasileiro”. Kesia, que é biomédica e mestre em Ciências da Saúde pela UFGD, atualmente é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde da universidade.
 
“É motivo de muita satisfação concorrer com grandes universidades e centros de pesquisa do País por um prêmio do Ministério da Saúde e sermos agraciados com o primeiro lugar nesta categoria. É um reconhecimento de nossos esforços, pois mesmo com todas as dificuldades e cortes nos investimentos, nos empenhamos em fazer pesquisa de qualidade e contribuir para a melhoria da saúde de nossa comunidade e de nosso País”, comemora a pesquisadora.
 
O ESTUDO
 
O trabalho premiado faz parte da dissertação de mestrado da aluna e foi publicado em 2015 na revista Americana Journal of Clinical Microbiology, periódico de elevada importância científica na área de Medicina. O estudo tem como coautores os pesquisadores Rodrigo Cayô, Cecília Carvalhaes, Flávia Patussi, Fernanda Costa Rodrigues, Ana Carolina Ramos, Júlio Henrique Rosa Croda, Ana Gales e Simone Simionatto.
 
Desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Biologia Molecular de Micro-organismos (GPBMM/UFGD) no Laboratório de Pesquisa em Ciências da Saúde (LPCS/UFGD), o trabalho contou com a colaboração do HU-UFGD e do Laboratório ALERTA, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
 
“A colaboração entre as instituições é bastante produtiva, pois a abertura das unidades de saúde para a pesquisa é de extrema importância para a melhoria da qualidade do atendimento no Brasil. No HU, a pesquisadora contou com o apoio do Laboratório de Análises Clínicas e Anatomia Patológica – Serviço de Microbiologia, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e com o Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) para acesso às bactérias, a identificação dos locais e os possíveis fatores de risco envolvidos à infecção pelas superbactérias”, informa a coordenadora Simone Simionatto.
 
Ela diz que foram reunidos esforços de instituições de saúde e de ensino do estado, com objetivo de auxiliar a formação de profissionais da área e melhorar a qualidade da atenção à saúde disponibilizada na região. “A partir dos resultados encontrados foram reforçadas as medidas de controle de infecção hospitalar por meio do repasse dos resultados obtidos com a pesquisa ao HU, bem como por meio de palestras e treinamentos aos profissionais do hospital”, afirma.
 
As pesquisas desenvolvidas pelo GPBMM/UFGD recebem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT).
 
A chefe do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica do HU-UFGD, professora doutora Cândida Aparecida Leite Kassuya enfatiza que o hospital está de portas abertas para o desenvolvimento de estudos cuja aplicabilidade possa aprimorar os processos da atenção à saúde.
 
Para tanto, o pesquisador que tem interesse em utilizar o HU-UFGD como campo de estudo precisa apresentar seu projeto à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do hospital, efetuar o cadastro na Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação e Pesquisa (PROPP) e, em seguida, passar pela aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFGD.
 
O PRÊMIO

 
Desde 2002, o Ministério da Saúde premia a comunidade científica por meio do “Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS”. A iniciativa é uma das ações do ministério que busca valorizar os pesquisadores e suas pesquisas, indispensáveis para o desenvolvimento das políticas públicas de saúde no País.
 
Os candidatos concorrem em quatro diferentes categorias: tese de doutorado, dissertação de mestrado, trabalho científico publicado e monografia de especialização ou residência.