Substância está presente em forma de poças que se formam à noite e evaporam de manhã

Marte pode ter formações de água líquida, de acordo com um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature Geoscience. Longe de serem os lagos que os cientistas acreditam ter existido no Planeta Vemelho bilhões de anos atrás, essas pequenas poças não passam de um filme úmido que se forma todas as noites e evapora pela manhã. O fenômeno ocorreria graças à presença de um sal presente em todo o solo do mundo vizinho. A pesquisa sugere ainda que exista uma troca ativa de água entre a atmosfera e a superfície marcianas, o que pode influenciar no planejamento de futuras missões espaciais.

A pesquisa usou dados colhidos ao longo de um ano marciano (686 dias na Terra) pelo laboratório de ciência móvel Curiosity e que forneceram um quadro completo das temperaturas e da umidade durante as quatro estações marcianas. As condições climáticas do planeta, combinadas com a presença do sal perclorato de cálcio no solo, seriam suficientes para que o vapor d’água formasse um tipo de salmoura todas as noites na superfície. Essa é considerada a primeira forte evidência da existência de água líquida no corpo celeste, embora as poças salgadas não possam ser, de fato, observadas pelo robô da agência espacial norte-americana, a Nasa.

Isso acontece porque, apesar de ser o mais avançado equipamento já enviado a Marte, o Curiosity não conta com os instrumentos necessários para monitorar a mudança de estado da água de vapor para líquido. “O Curiosity não é criado para a detecção direta de salmouras líquidas, assim como não é feito para encontrar vida, mas sim para avaliar as condições de habitabilidade”, explica Javier Martín-Torres, pesquisador da Luleå University of Technology, na Suécia, e principal autor do trabalho.