Chuva deve aliviar fumaça no fim de semana, mas trégua será breve

Entenda o que é a chuva preta, fenômeno que pode atingir MS no fim de semana

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Fumaça cobre céu de Campo Grande (Alicce Rodrigues, Midiamax)

O sul-mato-grossense anseia por chuva, condição meteorológica que pode aliviar a intensidade da fumaça que cobre o Estado. Contudo, a esperada chuva deve dar uma trégua breve no sufoco, a partir desta sexta-feira (13).

O meteorologista Vinicius Sperling, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), diz que os modelos de previsibilidade estão divergentes. A atualização é feita a cada seis horas. Contudo, se a chuva chegar a Campo Grande, será de poucos milímetros.

“Os modelos têm confirmado mais a chance de chuva na região sul do Estado, e aqui na Capital está nessa iminência. A gente acha que tem essa possibilidade. Não esperamos nenhum grande volume que vai reverter a situação de seca. As chuvas devem ficar, digamos, mais na metade sul do Estado, com maior probabilidade para a região sul”.

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Modelos de probabilidade da chuva em Campo Grande (Meteoblue Multimodel)

Chuva preta

Ainda conforme Sperling, não necessariamente é preciso ser uma chuva volumosa para ter registro do fenômeno conhecido como “chuva preta” em Mato Grosso do Sul.

“Qualquer tipo de chuva, ao cair, já vai coletar essas partículas de poeira e fumaça. O mais importante é ter a chuva, se ela confirmar, tem grande chance de chuva escura”.

Sperling exemplifica que há um cobertor de fumaça sobre o Estado, das queimadas, poluição e poeira. As nuvens ficam acima dessa cortina, consequente, a queda da chuva também. Quando começa a chover, as gotas passam pela camada de fumaça e acabam “colhendo” essa fuligem.

“Tem outros fatores também. A atmosfera está muito carregada de material particulado, poeira em suspensão, fuligem das queimadas. A seca prolongada também deixa partículas sólidas de poeira em suspensão na atmosfera, mas, claro, que a chuva preta está mais associada à fuligem das queimadas, mas também essa questão da poeira também é coletada nessas primeiras chuvas, após o período prolongado de seca e queimados”, descreve.

Apesar de ter chance de registro no MS, a intensidade da cor da chuva pode ser menor. Os dados de satélite indicam que a situação está mais crítica na Amazônia e estados do norte brasileiro. Os ventos favoreceram o transporte dessa fumaça para a região sul do Brasil. Sendo assim, as condições da atmosfera foram favoráveis para a chuva preta. Essa mesma condição também está presente em Mato Grosso do Sul, diante da quantidade de fumaça.

Pode ter prejuízo

“No que se refere ao prejuízo em relação à chuva preta, vamos pensar assim: a atmosfera está muito carregada, muito poluída e esses materiais, essas micropartículas, principalmente a menor que 2,5 mícrons, que é bem prejudicial para nossa saúde, pode ser limpa com a chuva. A chuva vem e dá uma limpada na atmosfera momentânea, pode durar um dia ou dois. Tem muita queimada em todos os biomas do país, recordes para tudo que é lado. A gente não consegue determinar o fim dessa fumaça, está bem difícil pensar nisso”.

Há um lado bom e ruim na chegada da chuva e, consequentemente, a chuva preta. Na mesma medida que a chuva limpa a atmosfera poluída, o ar fica mais salubre para respirar. Assim, quando a chuva poluída cai, deve atingir os “corpos de área”, por exemplo, rios ou córregos e o solo.

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