Com horta como laboratório, jovens aprendem ciência e praticam sustentabilidade

Estudantes participaram de oficina

Engana-se quem pensa que os jovens não interessam por temos como plantio, sustentabilidade e alimentação. Tendo uma horta como laboratório, alunos da Escola Municipal Fauze Scaff desenvolvem uma nova consciência e alguns acabam influenciando a família.

A escola mantém o projeto há diversos anos, o que proporciona ver a ciência em ação. Professor das turmas, o biólogo Rodrigo Borghezan, ressalta os ganhos no aprendizado. “A horta é nosso material de estudo. Desperta não só a consciência sustentável como traz um significado maior ao que é ensinado em sala. O conteúdo é observado na prática”, explica.

“Muitas vezes ele não tem acesso a um supermercado ou feira e encontram no mato muitas alternativas alimentícias, inclusive com valor nutricional muitas vezes melhor do que o que está disponível. Eles têm interesse nisso porque é novo e, às vezes, já têm uma relação com essas plantas, observam elas, mas nunca souberam que podiam comer”, esclarece.

​Além disso, os adolescentes desenvolvem outra relação com os alimentos. Conforme Rodrigo, eles têm uma percepção maior de que um vegetal pode ser cultivado e colhido e, não necessariamente, precisa ser comprado.

A horta da Escola Municipal Fauze Scaff, que é localizada no bairro Nova Campo Grande, não serve somente para o aprendizado dos alunos. Existe um programa de doação das mudas cultivadas, que são oferecidas para 150 famílias dos próprios estudantes.

Aprendizado fora da escola

Devido a este projeto do qual participam, estudantes do 6º e 7º ano da escola foram convidados a participar de uma oficina oferecida pelo Canteiros do Recanto. No local crescem as plantas cultivadas de forma sustentável e orgânica para o restaurante Recanto das Ervas. Na tarde desta quarta-feira (04), 13 adolescentes viram exemplos de compostagem, conheceram técnicas e até novas plantas.

Os jovens ficaram encantados com o sistema de irrigação, que asperge a água sobre as mudas e plantas. A engenheira agrônoma Karla Nadai, que é responsável pela horta, explica que desta forma o plantio não sofre com o impacto das gotas e auxilia na não proliferação de organismos, se alguma planta estiver infectada.

Karla, que há 20 anos se dedica a educação ambiental e agricultura natural, confirma o interesse dos jovens. “Apesar de falarem que eles estão distantes desta realidade, eles têm interesse por assuntos específicos, sobretudo por frutas”, relata.

A visita dos estudantes ao Canteiros do Recanto faz parte de um serviço oferecido pelo Recanto das Ervas. A proprietária do estabelecimento, Marcia Chiad, conta que oficinas já eram ministradas no próprio restaurante, porém, com a grande procura, ela decidiu levar a atividade para o local onde cultiva grande parte dos ingredientes que são usados na preparação dos pratos. “Nosso objetivo é disseminar o gosto e o cultivo de ingredientes orgânicos e estimular as pessoas a teres o próprio espaço em casa”, pontua.

Interesses e influências

Os adolescentes não somente se interessam pelo assunto, como também já se tornam influência para os familiares. É o caso do aluno do 7º ano, Vitor José Souto, de 13 anos, que ensinou a mãe a fazer compostagem. “A gente usa cascas de alimentos e cascas de ovo pra fazer adubo. Minha mãe põe nas flores e na muda de hortelã”, conta.