Enfraquecimento dos empresários no futebol deve fortalecer a formação de jogadores

No final de 2014, a FIFA (Federação Internacional de Futebol) anunciou que pretende antecipar as mudanças para a regulamentação nas transações de atletas. A entidade máxima desse esporte tem o objetivo de restringir a influência dos empresários no Mercado que hoje possuem participações fatiadas nos Direitos Econômicos dos atletas. Acontece que justamente esse modelo tem ajudado o Futebol Sul-Matogrossense a se tornar um exportador até de jogadores, mesmo tendo um campeonato de pouca expressão no cenário nacional.

“Só acho que tudo isso vem para acabar com o que é considerado bagunça no processo de transferência de atleta. Tem que se voltar a proteger a instituição, pois muitos clubes se rendem a esse Mercado de hoje por migalhas aos empresários”, diz o presidente da SERC, João Félix Poteselle favorável às alterações.

O time de Chapadão do Sul inclusive já se antecipou ao novo cenário, e irá ter a parceria de um Agente Fifa com a incumbência de ser responsável no auxílio a operações de venda de jogadores do clube. O modelo de gestão foi sugerido em um curso promovido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Estado, que contou com a participação de João Félix. Outros presidentes dos times de MS também assistiram ao Worl-Shop.

Presente em vários de tipos de funções em um clube de futebol, Paulo Telles acredita que quando for implantada a solução da FIFA tende a equilibrar o Mercado, hoje inflacionado, nos grandes centros e até nos pequenos. Ele já foi presidente do Cene, diretor de Futebol e atuou como treinador pelo clube e por outros times.

“Para o futebol daqui não representa muito uma vez que no Estado inexistem investidores nos clubes como ocorre nos grandes centros do Futebol. Mas posso dizer que com a maior valorização da entidade, e a eliminação do intermediário que tenta obter a qualquer custo o retorno do investimento no atleta, salários de jogadores e treinadores tendem a recuar”, conta Telles, dispensado do comando do futebol cenista no início deste ano.

O que muda?

Em vigor talvez ainda no ano de 2015, a nova regulamentação proibiria o empresário de ser dono dos Direitos Econômicos dos jogadores. Com isso eles passariam a poder lucrar apenas como intermediadores em transferências.

Na Lei do Passe, que vigorou no Futebol até o final da década de 90 do século passado, os clubes eram detentores exclusivos dos Direitos Federativos e Econômicos dos jogadores. Após décadas de luta, os atletas conseguiram mudar o quadro, permitindo que os seus Direitos Econômicos pudessem comercializados de outra forma o que gerou a divisão desse pertencimento.

Os clubes com isso mantém o Direito Federativo do jogador apenas durante o seu tempo de contrato com o atleta. Para contratar e manter elencos passaram a contar com empresários, que por sua vez usam as instituições para alocar seus jogadores.

Como a renegociação é constante, o Mercado inflacionou em salários dos profissionais de futebol que ganharam nos últimos anos o direito a receber também por seus Direitos de Imagem, pela veiculação das figuras públicas em Meios de Comunicação, de onde os times captam dinheiro com a venda dos Direitos de Transmissão.

Se o salário do jogador de futebol passa a ficar mais caro por conta do Mercado, aumenta a chance do pequeno Centro perder sua mão de obra para os campeonatos mais badalados onde se paga mais. Mato Grosso do Sul teve nessa conjuntura maior dificuldade em reter seus talentos, ou fechar contratos mais longos com jogadores que se destacavam.