Religiosos comem apenas chipa e sopa paraguaia durante Sexta-feira Santa

O feriado da Semana Santa, que celebra a morte e ressurreição de Cristo é comemorado com muita religiosidade e costumes, no Paraguai, país vizinho onde vivem em torno de sete milhões de pessoas. Segundo a crença, seguida por cerca de 90% da população, o momento é de busca por santificação, o que significa que até alimentação deve ser diferenciada e para permanecer nas tradições, a chipa e sopa paraguaia substituem os demais alimentos na Sexta-feira Santa.

Nascida em Asunción, Capital do país, localizada a 795 quilômetros de , a artesã, Deolinda Conceição Bordon, de 63 anos, mantém firme os costumes que aprendeu ainda criança. Ela explica que a tradição traz várias recomendações para o período que neste ano teve início na segunda-feira (30) e será encerrado no domingo de Páscoa (5).

“Não podemos cortar os cabelos, pintar as unhas, já os homens não devem fazer a barba. Também não podemos escutar músicas seculares e devemos usar vestimenta mais adequada, as crianças não devem brincar. Também não podemos discutir”, adverte. Questionada sobre o motivo pelo qual são feitas essas orientações, ela explica que é para que sejam feitos sacrifícios simbolizando a Paixão de Cristo.

Para Deolinda, o não cumprimento dos costumes, pode ter consequências. “A Semana Santa representa o respeito de tudo o que Jesus sofreu até a sua ressurreição, então temos que fazer renúncias. Esses sacrifícios não são como o de Cristo, mas são muito valiosos, previnem doenças e trazem livramentos até mesmo de acidentes”, declara.

Para quem segue as tradições, o período de maior importância começa na quinta-feira a partir das 12 horas. Já na Sexta-feira Santa a alimentação é a base de chipas e sopas paraguaia, comidas típicas do país e que não contêm sangue. Além disso, também é permitido peixes e um chá feito com a mesma erva usada no tereré.

Embora seja brasileira, nascida na região nordeste do país, a coordenadora do círculo de orações da Colônia Paraguaia, Eliana Maria Andrade Pereira, de 58 anos, é casada há 38 anos com um descendente de paraguaios, que também segue a risca as tradições. “Cumprimos os costumes religiosos e passamos isso para os nossos filhos e netos”, esclarece.

“A religiosidade nos acompanha há muito tempo e a partir de hoje começamos a fazer a sopas e chipas, para comermos na Sexta-feira Santa porque amanhã já não faz mais nada. Seguimos a risca. Vivo essa experiência há 38 anos e acho mito bonito conservar a cultura e levar a diante essa fé”, destaca.

O diretor cultural da Colônia Paraguaia em Campo Grande, Ricardo Cafure, também segue as tradições do país. Nascido em Concepción a 200 quilômetros de Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã (MS), ele conta que segue para a cidade natal para celebrar a Semana Santa, junto a família. Fazemos questão de não fazer atividades durante a semana santa de segunda a sábado”, enfatiza.

Semana Santa – A Semana Santa é uma tradição religiosa católica que celebra a Paixão, a Morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A celebração começa no domingo de ramos e termina com a ressurreição de Cristo no domingo de Páscoa.

No Paraguai 90% da população é católica e segue as tradições. Conforme o Censo de 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 64,6% dos brasileiros são católicos.