O discurso inflamado, direto e reto de Ratinho deixa bem claro: ele foge de meias palavras. “Entendo o que é um programa popular. Tenho cara de pobre e isso me aproxima da massa”, ressalta o apresentador do Programa do Ratinho, do SBT. Falante, ele logo evidencia seu humor corrosivo e autocrítica apurada. “Sempre fiz piada de mim mesmo. Eu não me levo a sério e meu público também não”, explica. No SBT desde 1998, Ratinho passou por diversos formatos até chegar ao atual. Para ele, uma espécie de circo popular, em que mistura humor, música e muitas interrupções de merchandising. “Já fiz muito sensacionalismo pesado e parei. Além de pedante, é uma produção inviável comercialmente”, jura.

Nascido Carlos Roberto Massa e natural da pequena Águas de Lindóia, interior de São Paulo, Ratinho criou-se no Paraná. Foi lá que se envolveu com a política local, onde emendou cargos de vereador e deputado. “Fui um péssimo político, nunca mais mexo com isso. Se eu me candidatar de novo, não vote em mim”, brinca. A repercussão na política o aproximou da televisão, onde apareceu no início dos anos 1990 como repórter do policialesco Cadeia, apresentado pelo falecido Luiz Carlos Alborghetti e exibido por uma emissora regional. O boom nacional aconteceu quando se transferiu para a CNT, onde aparecia raivoso e quebrando coisas do cenário do programa 190 Urgente.

Logo chamou a atenção da Record, onde chegou a incomodar a audiência da Globo, em 1997, com o Ratinho Livre, escorando-se em pautas bizarras e violentas e em testes de DNA. Aos 58 anos, o estilo popular continua intacto, mas o apresentador assume que está mais brando. E que isso nada tem a ver com as críticas que recebeu ao longo de sua trajetória. “Já estou acostumado a apanhar dos críticos. Hoje, eles pegam mais leve. Mas, quando comecei, era sempre ligado a tudo relacionado ao ‘trash’. E, sinceramente, isso nunca me incomodou”, destaca.