Morte dos pais de Suzane faz 10 anos; réus aguardam soltura
Na semana em que Luiz Inácio Lula da Silva ganhou pela primeira vez uma eleição para a presidência da República, em 2002, um crime bárbaro passou a dividir o noticiário com a vitória do ex-metalúrgico. Quatro dias depois do pleito, o assassinato cruel de um casal, enquanto dormia, em São Paulo, ganhou espaço no noticiário […]
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Na semana em que Luiz Inácio Lula da Silva ganhou pela primeira vez uma eleição para a presidência da República, em 2002, um crime bárbaro passou a dividir o noticiário com a vitória do ex-metalúrgico. Quatro dias depois do pleito, o assassinato cruel de um casal, enquanto dormia, em São Paulo, ganhou espaço no noticiário nacional. E o que a princípio ficou caracterizado como suspeita de latrocínio, em uma semana mudou de maneira radical, quando a polícia apresentou a filha do casal como a mentora intelectual do duplo homicídio. Suzane von Richtofen, então com 19 anos, seria a responsável pelo massacre, junto com seu namorado, Daniel Cravinhos, e ao irmão dele, Christian.
Dez anos depois do crime, os três condenados – a quase 40 anos de prisão cada um – aguardam pela liberdade. Após o cumprimento de 1/6 da pena já estariam aptos a passar para o regime semi-aberto e ganhar a liberdade definitiva. Porém, para isso, dependem de um laudo criminológico que ainda não foi concedido. O caso corre em segredo de Justiça.
Suzane chegou em casa – no bairro do Campo Belo, zona sul da capital paulista -, por volta da 0h15 do dia 31 de outubro de 2002 acompanhada pelo namorado Daniel, na época com 21 anos, e pelo irmão dele, Cristian, então com 26. Segundo a investigação da polícia, ela subiu até o quarto dos pais e deu sinal verde para que os dois fossem ao piso superior do sobrado, onde os pais – Manfred e Marisia Richtofen dormiam.
A materialização do crime foi apresentada quatro anos depois, durante o julgamento dos reús, em fotos da perícia e do Instituto Médico Legal, que mostraram corpos desfigurados e o real tamanho da tragédia. O casal foi espancado com bastões até a morte. A mãe de Suzane ainda passou por um processo de estrangulamento.
Na condenação, ficou caracaterizada a premeditação do crime. Antes da morte dos pais, Suzane havia deixado a sua residência em direção à casa de Daniel. Cerca de uma hora depois ele saiu sozinho e foi buscar o irmão de Suzane, Andreas, então com 15 anos. O garoto deixou a casa escondido dos pais e foi levado em um cibercafé pelo namorado de Suzane. Daniel voltou então para casa, pegou Suzane, encontrou com Cristian nas imediações da residência e – no carro dela – partiram para executar o crime.
Após o duplo homicídio, o trio tentou montar uma cena para que o caso pudesse ser caracterizado como latrocínio. No escritório da casa papéis foram espalhados. Dinheiro e joias também foram levados. Um revólver que o pai de Suzane possuía também foi colocado próximo ao corpo de Manfred, para caracterizar uma possível reação. Para evitar a presença de impressões digitais, todos utilizaram luvas cirúrgicas.
Depois do crime, Suzane e Daniel se hospedaram em um motel na região do bairro do Ipiranga, na zona sul da capital paulista. Depois de passarem cerca de 1 hora no local, pediram nota fiscal, para ser usada como um possível álibi. Saíram de lá e foram buscar o irmão Andreas. Cristian, que ficou pelo caminho, passou por uma lanchonete e foi para casa. Suzane deixou o namorado na casa dele também e seguiu com Andreas para a casa da família.
Por volta das 4h, Daniel já estava em frente ao local do crime, chamado por Suzane. Ligou para a polícia e disse que havia uma suspeita de arrombamento no local. Com a chegada dos policiais, o casal foi encontrado morto.
Após a liberação dos corpos pelo IML, ambos compareceram ao enterro. Dois dias depois do crime, a polícia, que já desconfiava do latrocínio, estranhou encontrar Suzane e Daniel ouvindo música junto à piscina da casa, ao lado de Andreas. Depois disso, ela ainda comemorou o seu aniversário no sítio da família.
Paralelamente, a polícia monitorava também Christian. Já no dia seguinte ao crime ele comprou uma moto potente e fez o pagamento, de US$ 3,6 mil, em notas de US$ 100 levadas da casa. Na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Suzane foi a primeira a confessar a participação no crime. Ouvidos em seguida, os Cravinhos não tiveram outra opção a não ser contar o que havia acontecido na noite de 31 de outubro de 2002.
Condenação
Após quase quatro anos do assassinato de Manfred e Marisia, a filha do casal, Suzane, o ex-namorado dela, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado. A soma total das penas dos três condenados chega a 115 anos de reclusão. Nenhum deles pode recorrer da sentença em liberdade.
Suzane foi condenada a 19 anos e seis meses pela mãe e 19 anos e seis meses pelo pai – um total de 39 anos de reclusão mais 6 meses de detenção e 10 dias de multa por fraude processual. Daniel, a 19 anos e seis meses pela morte de Manfred e 19 anos e seis meses pela morte de Marisia – total de 39 anos de reclusão e seis meses de detenção.
Cristian Cravinhos foi condenado a 18 anos e seis meses pela morte de Marísia e 18 anos e seis meses pela morte de Manfred – 38 anos de reclusão mais seis meses de detenção. Os dois irmãos também foram condenados a seis meses de detenção mais 10 dias de multa por fraude processual.
Os condenados ouviram a sentença de pé, em frente ao juiz. Cristian estava ao centro, Daniel à esquerda e Suzane à direita. O policiamento da sala de julgamento foi reforçado por cerca de 20 policiais militares.
O julgamento de Suzane e dos irmãos Cravinhos, realizado no Fórum da Barra Funda, durou cinco dias. No total, foram quase de 56 horas de julgamento, em julho de 2006.
Notícias mais lidas agora
- Chuva chega forte e alaga ruas da região norte de Campo Grande
- Há 13 anos, casa no bairro Santo Antônio é decorada por Elizabeth com enfeites únicos de Natal
- Pais são presos após bebê de 2 meses ser queimado com cigarro e agredido em MS
- VÍDEO: Moradores denunciam mulher por racismo e homofobia em condomínio: ‘viadinho’
Últimas Notícias
Previsão indica chuvas e ventos em MS nesta sexta-feira
Monitoramento informa chance de chuva acompanhada com queda de granizo
Depois de ingerir ‘kit de vodca com energético’ e empinar moto, rapaz cai e acaba preso
Acusado estava embriagado e utilizou uma faca
[ BASTIDORES ] Gripe quase impediu leitura de ‘lista centenária’
Férias estão entre os assuntos quentes dos parlamentares
Milei pode ser ameaça a direitos trabalhistas em acordos do Mercosul
O peso da China O PT quer impor regras de respeito aos direitos trabalhistas, direitos humanos e sindicais via Conselho do Mercosul. O Brasil aguarda, preocupado, a proposta de agenda da Argentina para o bloco, que presidirá o Conselho no 1º semestre de 2025. O presidente Javier Milei não nutre nenhuma simpatia pelo Mercosul e…
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.