A Câmara Municipal de Dourados abriu sindicância investigatória para apurar a ausência de documentos eletrônicos no arquivo da Casa de Leis. Acontece que ao conferir os documentos oficiais em papel faltaram cópias digitais de algumas peças.
Uma empresa que fazia essa digitalização desde 2009 até janeiro de 2011 terá que prestar contas do conflito dos dados. A sindicância interna foi estabelecida “considerando a abertura do Inquérito Cível nº 007/2011, que busca apurar suposta exclusão ou fragmentação de dados com o fim de impedir ou dificultar o atendimento ministerial em busca de provas no procedimento investigatório n º048/2010”.
Caberá às servidoras Nádia Sater Gebara, Aúrea Florêncio da Silva e Hebe de Oliveira Barrios investigar qual o motivo dos dados não coincidirem. Elas deverão “informar sobre a existência ou não de dados eletrônicos (Banco de Dados) sobre a folha de pagamento e respectivos holerites no departamento financeiro, no período compreendido entre 2009 e 2010, bem como apontar falhas administrativas naquele setor”.
Informações obtidas pela reportagem dão conta que os dados que estão faltando dizem respeito à informações pessoais de servidores, como renda, número de documentos e outros detalhes.
A assessoria de imprensa da Câmara informou que a medida foi tomada pela presidência como forma de precaver qualquer mal entendido futuramente com órgãos fiscalizadores, como o Tribunal de Contas ou o Ministério Público.
A comissão de sindicância terá prazo de 60 dias para conclusão dos trabalhos, “devendo neste período, realizar todas as diligências necessárias para esclarecimento dos fatos narrados no supracitado Inquérito Cível”.
Câmara secreta
A Câmara de Dourados tem mesmo motivos para se prevenir. Em abril desse ano a Polícia Federal deflagrou a Operação Câmara Secreta, como ficou conhecido o esquema dos consignados em que os ex-vereadores Sidlei Alves e Júnior Teixeira, com ajuda do assessor financeiro da Câmara de Dourados, Amilton Salinas e do assessor, Rodrigo Ribas Terra o “Tapado” teriam contratado empréstimos em nome de terceiros que eram chamados para trabalhar na Câmara e algum tempo depois demitidos verbalmente, ficando os políticos com o dinheiro do empréstimo, o ex-servidor com a dívida sendo descontada na folha e recebendo por fora e o Município pagando “fantasmas”.
Antes disso a Câmara já tinha sido renovada por conta da Operação Uragano, que culminou na queda de nove dos 12 vereadores da Casa.